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Por um governo estável na Madeira!

Se tudo se mantiver como está, o mais provável é que a Madeira fique um ano e meio com um governo de gestão

A realização de eleições internas no PSD – em cumprimento dos estatutos perante uma recolha de assinaturas quase suficiente para convocar não um, mas dois congressos – é o único caminho para a formação de um governo estável na Madeira nas próximas eleições regionais.

Não encontro argumentação política nem jurídica que justifique uma tomada de posição por parte do Conselho de Jurisdição e do Conselho Regional impeditiva da realização de um Congresso. Devidamente enquadrado juridicamente, e com a preocupação política de garantir um governo estável do PSD, largas centenas de militantes do PSD manifestaram-se no sentido de tentar evitar aquilo que todos nós receamos.

“Inventar qualquer coisa” para a não realização do Congresso, como infelizmente já se ouviu dizer, ignorando parte significativa do Partido, seria contribuir para o agravar da desunião hoje já de si demasiado evidente e crispada no seio do PSD. Para o agravar da desunião no interior do Partido e para o descrédito do mesmo junto da sociedade civil. O momento exige o contrário: bom senso, diálogo e razoabilidade. É o futuro do PSD enquanto partido de governo e, mais importante, a própria governabilidade da Região que está em causa.

De acordo com sondagens recentemente divulgadas nos dois principais jornais da Região – e, para além disso, acreditando que com estas lideranças os resultados não serão muito diferentes daqueles de Maio – na melhor das hipóteses o PSD, sendo o mais votado, ficará longe de uma maioria parlamentar. Longe de uma maioria parlamentar, e com a grande incapacidade de diálogo ou de formar entendimentos, com os partidos representados no parlamento, que Miguel Albuquerque evidencia dia após dias, será impossível para o PSD construir um governo estável ou sequer aprovar um programa de governo ou um único orçamento regional.

Se tudo se mantiver como está, o mais provável é que a Madeira fique um ano e meio com um governo de gestão, sem orçamento, com todas as consequências económicas e sociais daí resultantes. O que seria um resultado trágico para a Região e para as famílias madeirenses. Repetir as mesmas fórmulas e esperar resultados diferentes não me parece nada sensato.

Ou, pior, que a oposição, liderança por PS ou JPP, com um potencial apoio do CDS “em prol da estabilidade”, como referiu José Manuel Rodrigues à saída de Belém, cheguem a um atendimento para afastar o PSD do Governo, apresentando uma alternativa de governação.

É fundamental que o PSD se abra à sociedade e mobilize as suas bases para conseguir construir uma dinâmica de vitória para as próximas eleições regionais. Uma liderança clarificada, que não tenha medo de eleições internas, não seja insensível às manifestações dos seus militantes, e consiga a tão desejada união do Partido. Não queremos que o PSD seja um partido de “descartados”, “exonerados” ou “encostados”. Queremos, sim, um partido unido, que receba todos, onde todos tenham lugar, para criar uma gigante e poderosa onda laranja que começará nas internas e que acabará por ser fundamental para ganhar expressivamente as próximas eleições regionais.

O PSD precisa de uma liderança credível, que reforce a sua presença parlamentar, tenha capacidade de fazer entendimentos em qualquer quadro parlamentar, e permita, por conseguinte, a formação de um governo estável para os próximos quatro anos.

P.S. Partido Socialista

Num momento em que vê a sua liderança desafiada, com um pedido de eleições primárias, e perante um partido em convulsão interna, o que faz o Partido Socialista? O Diário de Notícias foi bastante oportuno ao fazer título de que Paulo Cafofo “fechou a porta” a eleições internas. A política “cafofiana” de fechar portas é a forma mais garantida de fazer com que um partido não cresça. Mais do que palavras bonitas, mas inconsequentes, de apelo à união, os partidos devem procurar efectivamente abrir portas para que a Madeira encontre estabilidade…