Ferro diz ser urgente PS definir forma de escolher candidato e pede primárias
O antigo líder socialista Ferro Rodrigues considerou hoje urgente definir a metodologia para escolher o candidato presidencial apoiado pelo PS e propôs primárias abertas, defendendo que há duas décadas que os eleitores do partido se sentem perdidos nestas eleições.
Esta proposta de realização de primárias abertas para as presidenciais de 2026, replicando o modelo de 2014 que escolheu António Costa como candidato a primeiro-ministro do PS, foi avançada hoje pelo Expresso.
Em declarações à agência Lusa, o antigo presidente da Assembleia da República considerou que havendo primárias abertas para escolher entre as pessoas "que quiserem ser apoiadas pelo PS, sejam estas do partido ou não", os militantes e simpatizantes do PS "é que decidem e não um pequeno comité ou uma Comissão Nacional".
"Eu acho que não é o tempo para decidir quem é o candidato apoiado pelo PS, mas é o tempo - e é cada vez mais urgente - para decidir a metodologia para haver um candidato do PS, com um apoio que venha a ser substancial e com possibilidades de ganhar ou pelo menos de ir à segunda volta", defendeu.
Ferro Rodrigues concorda com a decisão do líder do PS, Pedro Nuno Santos, de o partido apoiar um candidato presidencial em 2026, ao contrário do que tem acontecido.
"Desde há mais de 20 anos os eleitores do PS se sentem um pouco perdidos quando há eleições presidenciais porque há ou ausências ou excessos de candidatos", justificou.
Segundo o socialista, este apelo que faz não é especialmente dirigido a Pedro Nuno Santos, mas sim "um apelo ao PS", partido que "terá a suas formas internas de responder a esse apelo".
"Eu não tenho nenhuma função nem no PS nem em nenhum órgão de estado. Estou completamente livre para exprimir as minhas posições, mas o facto de me ter reformado da intervenção ao nível de estado não quer dizer que me tenha reformado do pensamento e da intervenção política", justificou.
O antigo líder do PS explicou que a sua proposta não tem nada a ver com a do referendo interno para esta escolha de candidato a apoiar pelo PS, e que também foi hoje conhecida, um manifesto subscrito por uma centena de militantes socialistas, entre os quais ex-candidato à liderança do partido, Daniel Adrião.
"Deve haver primárias abertas, e abertas é no duplo sentido: na admissão de candidatos e de haver não apenas militantes do PS a votar. É uma proposta de primárias como houve em 2014 quando foi a opção para escolher o candidato a primeiro-ministro entre o António José Seguro e o António Costa", disse.
Na opinião de Ferro Rodrigues o aparecimento de "não sei quantos nomes em sondagens só serve para criar confusão".
"Estamos num momento em que os partidos democráticos estão sob ataque e em que a ideia anti-partido vai fazendo o seu caminho e portanto é necessário que os partidos, e neste caso concreto o PS, saiba responder a esses desafios novos porque a situação é muito diferente hoje do que era há 25 anos e mesmo do que era há 10", avisou, considerando que perante "esta ofensiva" é fundamental "tomar a iniciativa".
Esta manhã, à saída do plenário do parlamento e questionado sobre estes desafios, Pedro Nuno Santos considerou que ainda não é o momento da decisão dos socialistas sobre o apoio ao candidato presidencial e recusou sentir-se pressionado ou que venha a ser uma imposição sua.