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Milhares de romenos protestam contra a anulação das eleições presidenciais

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Foto EPA

Milhares de romenos reuniram-se hoje em frente ao Parlamento de Bucareste contra o cancelamento das eleições presidenciais, depois de uma campanha marcada por suspeitas de interferência russa.

O Tribunal Constitucional romeno, localizado no imenso edifício, cancelou a votação no início de dezembro, um acontecimento extremamente raro na União Europeia (UE), quando o candidato apresentado pela extrema-direita, Calin Georgescu, venceu para surpresa de todos.

As autoridades acusam-no de ter beneficiado de uma campanha de apoio ilícita na plataforma TikTok, o que levou a Comissão Europeia a abrir uma investigação.

As novas presidenciais estão previstas para 04 de maio (uma eventual segunda volta realizar-se-á duas semanas depois), devendo a data ser validada na próxima semana.

Crítico da UE e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), bem como contrário a qualquer ajuda militar à Ucrânia, Georgescu interpôs vários recursos legais, incluindo um junto do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH).

Os advogados de Georgescu contestaram formalmente hoje a anulação junto do Tribunal Constitucional.

"Devemos rever urgentemente esta decisão que mergulhou a Roménia no caos", afirmou o ex-funcionário público de 62 anos numa mensagem de vídeo dirigida aos seus apoiantes, que empunhavam cartazes com a sua imagem.

"Vivemos numa ditadura", disse um outro candidato nacionalista, George Simion, aos meios de comunicação, afirmando que participa na manifestação "para defender a democracia". Simion convocou nova manifestação para domingo na capital e aderiu ao desafio à Justiça.

Confrontadas com este campo crescente, várias forças políticas pró-europeias formaram um governo no final de dezembro e apresentaram um candidato presidencial comum, Crin Antonescu.

Com 65 anos, este antigo líder do partido liberal PNL suspendeu a candidatura, lamentando a falta de apoio dos principais partidos.

Na primeira volta, realizada a 24 de novembro, o candidato ultranacionalista Georgescu venceu contra todas as probabilidades graças a uma campanha nas redes sociais, alegadamente apoiada pela Rússia, pelo que o sistema judicial romeno anulou todo o processo eleitoral a 06 de dezembro.

Os incidentes em torno das eleições presidenciais provocaram uma crise institucional no país dos Balcãs e membro da UE onde, nas eleições legislativas, o partido social-democrata PSD ganhou, à frente do partido ultranacionalista AUR.

O PSD, liderado pelo primeiro-ministro Marcel Coliacu, está à frente desde finais de dezembro de um executivo de coligação com o PNL, o partido da minoria húngara UDMR e o grupo misto das minorias nacionais.

Georgescu, a quem as sondagens davam uma intenção de voto de cerca de 6%, venceu a primeira volta das eleições presidenciais de novembro com 23% dos votos, à frente da candidata liberal-nacionalista Elena Lasconi (19%).

Posteriormente, o Serviço de Informações romeno (SRI) confirmou que a campanha do candidato pró-russo foi apoiada por uma estratégia de interferência com o "'modus operandi' de um ator estatal", numa alusão à Rússia.