Marcelo destaca caráter bipartidário de homenagem "muito justa" ao ex-Presidente
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou o caráter bipartidário da "homenagem muito justa" que foi hoje feita ao antigo chefe de Estado norte-americano Jimmy Carter durante um funeral de Estado em Washington.
"Foi uma homenagem muito justa ao Presidente Carter. Foi um homem de princípios, de valores, ético. Um homem que construiu a paz, um homem que após ter deixado de ser Presidente dedicou décadas a trabalhar em instituições sociais e ganhou o Nobel da Paz", destacou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas portugueses na capital norte-americana, após ter representado Portugal no funeral de Jimmy Carter.
O Presidente da República enalteceu ainda o "caráter bipartidário" do tributo ao antigo líder norte-americano, falecido em 29 de dezembro aos 100 anos, frisando que durante a cerimónia "falaram democratas, mas também muitos republicanos, mostrando como há uma tradição de diálogo entre os dois grandes partidos" dos Estados Unidos.
Jimmy Carter teve hoje um funeral de Estado, realizado na Catedral de Washington, onde estiveram presentes o Presidente cessante, Joe Biden, o chefe de Estado eleito, Donald Trump, e outros antigos dirigentes do país e também estrangeiros.
O elogio fúnebre foi feito por Joe Biden, que considerou o "forte caráter" de Carter o maior atributo do político democrata.
Biden pediu ainda que as pessoas seguissem o exemplo de Carter, que descreveu como uma pessoa cheia de dicotomias: um homem branco do Sul que liderou a luta pelos direitos civis, tal como um engenheiro nuclear que promoveu a não proliferação de armas.
Jimmy Carter, que morreu a 29 de dezembro, aos 100 anos, e Joe Biden, de 82, tiveram uma amizade que durou décadas.
Ainda de acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, a cerimónia foi importante "porque o grande objetivo de praticamente todas as intervenções foi apelar ao entendimento interno, à projeção desse entendimento interno na posição americana no mundo", ou seja, "à estabilidade daquilo que é fundamental na política externa e da política interna norte-americana".
O Presidente português recordou que, durante o funeral de Estado, ficou sentado ao lado do primeiro-ministro cessante do Canadá, Justin Trudeau, ressaltando os possíveis problemas que os Estados Unidos e o Canadá poderão enfrentar sob o Governo de Donald Trump devido à ameaça de imposição de tarifas, defendendo assim a necessidade de diálogo internacional.
"Agora vamos ver até que ponto o apelo terá ou não os seus efeitos e temos várias oportunidades para isso. Eu tinha ao meu lado sentado, precisamente, o primeiro-ministro cessante canadiano. E logo aí há um problema a resolver das tarifas sobre o Canadá", exemplificou.
Marcelo Rebelo de Sousa, que admitiu ter conversado com Justin Trudeau, observou que já vem de "longe a preocupação canadiana com o relacionamento económico relativamente à matéria tarifária, à matéria de impostos", que Donald Trump promete agora intensificar.
Sobre as especulações em torno do segundo mandato de Donald Trump - que nos últimos dias causou polémica com propostas de anexações da Gronelândia, do Canadá e do Canal do Panamá -, Marcelo Rebelo de Sousa avaliou "que vale a pena esperar para ver", salientando que o "período pré-início de funções" é diferente é "do dia-a-dia, no exercício das funções".
Após o funeral, o Presidente português almoçou em Washington com dois congressistas luso-americanos: o democrata Jim Costa e o republicano David Valadao, líderes do Portuguese Caucus.