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Explicador Madeira

O que são as resoluções de Ano Novo e porque falham tanto?

As resoluções de ano novo são promessas ou metas que as pessoas definem no início de um novo ano com o objectivo de melhorar algum aspecto de suas vidas. Geralmente, envolvem mudanças de hábitos, como fazer mais exercício físico, poupar dinheiro, aprender algo de novo ou melhorar relacionamentos. É um momento de reflexão e recomeço, associado à esperança de um futuro melhor. Apesar das boas intenções iniciais, apenas uma pequena fracção dessas metas pessoais se mantém ao fim de 12 meses. Quais os motivos que levam a essa elevada taxa de fracasso e como o evitar?

A prática de estabelecer resoluções tem uma longa história que remonta às civilizações antigas. Os babilónios foram uma das primeiras civilizações a celebrar o Ano Novo, que tinha lugar em Março, durante o festival de Akitu, que marcava o início da colheita. Era nessa época que se faziam promessas aos deuses, na esperança de obter bênçãos para o ano seguinte. Na Roma Antiga, durante o reinado de Júlio César, em 46 a.C., o calendário foi reformulado e Janeiro (em honra do deus romano Jano ou Janus) passou a ser o primeiro mês do ano. Jano era o deus das transições e dos novos começos. Era representado por uma figura com dois rostos, que olhavam para o passado e para o futuro. Os romanos faziam promessas a Jano para melhorar as suas vidas no ano seguinte.

Na Idade Média, a prática de reflectir sobre o ano que passou e de se comprometer a melhorar no ano novo foi introduzida nas tradições cristãs. Durante o Dia de Ano Novo, os fiéis renovavam os seus votos espirituais.

Na era moderna, as resoluções tornaram-se mais seculares e universais, geralmente associadas ao bem-estar ou conquistas pessoais. Estão menos ligadas à religião ou a figuras divinas e mais ao desejo humano de transformação pessoal.

As resoluções de ano novo mais comuns reflectem o desejo de melhorar a saúde, os hábitos e a qualidade de vida.

Aqui estão as dez resoluções mais frequentes, com base em tendências globais:

1. Melhorar a saúde física

Fazer mais exercício físico: inscrever-se num ginásio, correr, caminhar ou experimentar actividades como o ioga ou pilates.

Perder peso: ajustar a alimentação e fazer exercícios para atingir um peso mais saudável.

Comer melhor: reduzir o consumo de açúcar, ‘fast food’ e alimentos processados, e aumentar a ingestão de frutas, legumes e água.

2. Poupar dinheiro

Gastar menos e economizar mais: planear um orçamento para cortar gastos desnecessários.

Abater dívidas: pagar dívidas acumuladas e criar um fundo de reserva de emergência.

Investir: estudar aplicações de investimentos para fazer o dinheiro render mais.

3. Cuidar da saúde mental

Reduzir o stress: praticar ‘mindfulness’, meditação ou outras técnicas de relaxamento.

Dormir melhor: criar uma rotina de sono consistente e saudável.

Equilibrar trabalho e vida pessoal: reservar tempo para lazer, família e descanso.

4. Aprender algo novo

Estudar uma língua: muitas pessoas escolhem aprender Inglês, Espanhol, Francês…

Fazer cursos ou formação: obter novas qualificações ou competências para evoluir na carreira.

Ler mais: estabelecer metas de leitura, como um livro por mês.

5. Criar e manter relacionamentos

Passar mais tempo com a família e amigos: dar prioridade aos momentos de qualidade com as pessoas de quem mais gostamos/amamos.

Fazer novas amizades: participar em grupos ou actividades para conhecer novas pessoas.

Melhorar os actuais relacionamentos: resolver conflitos ou dar mais atenção a quem mais importa.

6. Cortar maus hábitos

Parar de fumar: é uma das resoluções clássicas para melhorar a saúde.

Consumir menos álcool: reduzir o consumo ou estabelecer períodos de abstinência.

Evitar os adiamentos: ser mais organizado e cumprir prazos.

7. Viajar mais

Muitas pessoas incluem a meta de explorar novos lugares, tanto no país como no estrangeiro.

8. Ser mais sustentável

Adoptar hábitos como reduzir o uso de plásticos, reciclar e consumir de forma consciente.

9. Organizar a vida

Manter a casa organizada: livrar-se de objectos/bens sem uso e criar um espaço mais funcional.

Gerir melhor o tempo: usar ferramentas de planeamento e listas para maior produtividade.

10. Focar-se na felicidade

Praticar a gratidão, reconhecer as conquistas e procurar o que realmente traz alegria ao seu dia-a-dia.

O grau de cumprimento das resoluções de ano novo costuma ser muito modesto, embora varie de pessoa para pessoa. Os estudos e inquéritos revelam que, apesar do entusiasmo inicial, a maioria das pessoas acaba por abandonar as suas metas ao longo do ano, muitas vezes nos primeiros dias ou semanas do Ano Novo. Um estudo da Universidade de Scranton, nos EUA, revelou que apenas cerca de 8% das pessoas conseguem alcançar as suas metas de Ano Novo. Uma análise do Statistic Brain Research Institute indicou que aproximadamente 25% das pessoas abandonam as suas resoluções após uma semana, aumentando a taxa de rejeição para 46% após seis meses. Um estudo realizado pela Universidade de Hertfordshire, em Inglaterra, mostrou que, embora 52% dos entrevistados estivessem confiantes, apenas 12% conseguiram manter as suas promessas e alcançar seus objectivos após 12 meses.

Por que motivo a maioria das pessoas falha no cumprimento das resoluções de Ano Novo e o que se pode fazer para evitar o fracasso das mesmas?

Eis os cinco erros mais comuns na definição das resoluções de Ano Novo:

1. Objectivos irrealistas

Desde logo, muitas das metas a que as pessoas se propõem são pouco realistas, quando não mesmo inalcançáveis. Estabelecem objectivos muito ambiciosos ou difíceis de alcançar num curto período, como "perder 20 quilos em dois meses".

2. Falta de planeamento

Sem um plano claro com o rumo para atingir determinada meta, é fácil perder o foco. É o que acontece a alguém que afirma "quero poupar dinheiro" mas não estabelece um orçamento ou estratégias específicas.

3. Motivação efémera

O entusiasmo do Ano Novo pode ser passageiro. Sem disciplina, as pessoas tendem a desistir perante o primeiro obstáculo.

4. Rotinas e hábitos antigos

Mudar hábitos enraizados exige tempo e esforço. Muitas pessoas não têm em conta o impacto da rotina na manutenção da meta.

5. Falta de acompanhamento

Sem monitorizar o progresso ou assinalar as pequenas conquistas, as metas podem perder o sentido ao longo do tempo.

Eis seis dicas para aumentar as hipóteses de sucesso:

1. Estabeleça metas realistas e prioridades

Em vez de resoluções genéricas do tipo "quero ser saudável", prefira algo mais específico como "vou caminhar 30 minutos, três vezes por semana".

2. Divida as metas em etapas intermédias

Os grandes objectivos parecerem sempre mais difíceis de alcançar. Por isso, divida-os em passos menores e concretizáveis.

3. Mantenha a consistência

Foque-se em pequenas acções diárias ou semanais que depois podem tornar-se hábitos de longo do tempo.

4. Conte com apoio

Partilhar as resoluções com amigos ou familiares pode ajudar a manter o compromisso. Os grupos ou parceiros de responsabilidade também são úteis.

5. Seja flexível

Não desista se algum aspecto sair do esquema planeado. Ajuste a meta ou recomece quando necessário.

6. Acompanhe o progresso

Use aplicações digitais (app), diários ou planos para monitorizar os progressos e manter-se motivado.