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Fact Check Madeira

O Porto Santo ficou sem meios aéreos para prestar socorro à população?

Este sábado o presidente do Governo Regional manifestou-se muito preocupado com falta de meios aéreos no Porto Santo, referindo-se às aeronaves militares que asseguram as evacuações médicas urgentes. Deu a entender que ‘a base militar’ da Força Aérea Portuguesa em Porto Santo ficou sem meios aéreos operacionais com a falha ocorrida na véspera no C-295M.

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FOTO: FAP

O ‘boom mediático’ e as inúmeras reacções dos leitores e cibernautas à evacuação médica entre a ilha do Porto Santo e a ilha da Madeira do doente secretário regional da Saúde e Protecção Civil, Pedro Ramos, no ‘presidencial’ Falcon 500 da Força Aérea Portuguesa (FAP), e não no C-295, aeronave normalmente empenhada nestas missões aeromédicas, no imediato levantou muitas suspeitas sobre a razão de ter sido o Falcon 500 a ‘socorrer’ o governante e não o C-295.

Dúvidas dissipadas este sábado no Fact-Check do DIÁRIO, face ao esclarecimento prestado pela FAP - falha detectada na manhã desta sexta-feira no avião C-295 após a aeronave ter regressado ao Porto Santo no culminar de missão aeromédica.

“Porquê o Falcon 50 e não o C-295, como qualquer cidadão do Porto Santo?”

Terá sido por mordomia da Força Aérea que a evacuação médica de Pedro Ramos do Porto Santo para a Madeira foi feita no Falcon 50 em vez do C-295, avião militar baseado no Porto Santo e habitualmente usado nos transportes aeromédicos?

Orlando Drumond , 07 Setembro 2024 - 17:00

Entretanto, também ontem, ganhou dimensão a reacção do presidente do Governo Regional, quando se manifestou muito preocupado com a falta de meios aéreos (avião e helicóptero) no Porto Santo. Aos jornalistas, ao final da manhã, por ocasião da Festa da Vindima no Estreito de Câmara de Lobos, Miguel Albuquerque classificava de “inadmissível” a Região, em especial o Porto Santo, estar sem meios aéreos operacionais. Tanto que remeteu para esta segunda-feira abordar a questão ao Primeiro-ministro Luís Montenegro, por não aceitar que as ilhas não tenham os meios aéreos necessários ao socorro das populações.

Teria razão o líder madeirense quando concluiu que a Região estava então sem qualquer meio aéreo militar operacional?

Pelos vistos Albuquerque deixou-se levar pela emoção provocada pelo episódio de saúde do colega governante e, quiçá, pela aparente falta de meios aéreos que alguns órgãos de comunicação social veicularam.

A este propósito, a Força Aérea, através das Relações Públicas, esclareceu que praticamente em simultâneo com a activação avião Falcon 50 da Esquadra 504 – ‘Linces’ - por ser o meio aéreo mais rápido a chegar à Região – que realizou a evacuação médica de Pedro Ramos, activou igualmente um avião C-295M que se encontrava estacionado no Montijo, aeronave que viria a aterrar no Aeroporto do Porto Santo (Aeródromo de Manobra Nº3) durante a madrugada deste sábado, de modo a assegurar a substituição do C-295 que estava temporariamente inoperacional no Porto Santo, além de transportar material e pessoal especializado para proceder à reparação do avião ‘em terra’.

“O C-295 empenhado na noite de sexta-feira manteve-se em Porto Santo como reserva a substituir a aeronave em reparação. Entretanto o C-295 ‘do Porto Santo’ já está operacional e o meio aéreo que este sábado permaneceu na ilha como reserva já regressou à base, no Montijo”, confirmou a Força Aérea.

Mas há mais um dado que contraria a alegada falta de meios aéreos da Força Aérea no Aeródromo de Manobra Nº 3 este fim-de-semana.

“Um doente a necessitar de cuidados de saúde urgentes foi hoje (domingo) transportado da ilha do Porto Santo para a ilha da Madeira Para a missão foi empenhado o avião C-295M da Esquadra 502 – ‘Elefantes’”, informou a FAP.

Conclui-se assim, que a Região e em particular o Porto Santo efectivamente não ficou sem meio aéreo para, em caso de necessidade, assegurar missões de evacuação médica. Aliás, há hora em que o presidente do Governo criticava a alegada inexistência de meios aéreos no Porto Santo – cerca das 11 horas de sábado – o avião militar de substituição há muito – desde a madrugada – estava estacionado no Aeródromo do Porto Santo.

Quanto muito a constatação de ‘total inoperacionalidade’ dos meios aéreos em Porto Santo só seria válida entre o final da manhã de sexta-feira e o início da madrugada de sábado, período que mediou o reporte da falha no C-295M da FAP alocado à Região e a chegada de aeronave da mesma tipologia que veio substituir o avião que estava obrigado a permanecer em terra temporariamente, até a resolução do problema técnico.

Não há meios aéreos operacionais da Força Aérea no Aeródromo de Manobra Nº 3 - Porto Santo?