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Incêndios Madeira

Fogos: “Se continuarmos a agir como até aqui, teremos fatalmente os mesmos resultados”

Alerta do Representante da República no Dia do Concelho da Ponta do Sol

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Foto Miguel Espada/Aspress

“Se continuarmos a agir como até aqui, teremos fatalmente os mesmos resultados, e com consequências porventura muito mais graves do que as do último mês”. O alerta motivado pelo recente incêndio é do Representante da República para a Madeira, na intervenção de encerramento da sessão solene comemorativa do Dia do Concelho da Ponta do Sol.

Outra certeza que Ireneu Barreto “é a de que, neste como noutros assuntos, o mais correcto, o mais seguro e o mais barato é sempre apostar na prevenção”.

Reforça por isso “que é importante que os especialistas se pronunciem sobre formas de vigilância eficaz e permanente das nossas serras – sejam torres de vigias, aumento de recursos humanos na vigilância da natureza, drones, meios aéreos tripulados, faixas corta-fogo e outros mecanismos que internacionalmente se recomendam”. Mas também entende que “será importante que algumas práticas que, embora culturais, como engenhos pirotécnicos, queimadas agrícolas ou fogueiras na floresta sejam no actual contexto desaconselhadas, e venham a ser estritamente controladas, com recurso a todos os mecanismos legais”.

Argumentos que levam Ireneu Barreto a ter a certeza que “este debate é, tem de ser, muito mais técnico do que político”.

Por reconhecer que “é imperioso que, a partir de agora, possamos reflectir sobre o que sucedeu, e sobre o que podemos fazer para, no futuro, não passarmos de novo por situações semelhantes”.

Ainda assim, “perante a vastidão da área ardida, um pouco mais de 5000 hectares, não se terem perdido vidas humanas, nem primeiras habitações, nem um número muito significativo de animais ou culturas agrícolas, nem a Laurissilva ter tido impactos expressivos na sua integridade e biodiversidade, foi um resultado que se deveu provavelmente ao esforço e coragem de todos os envolvidos no combate, à estratégia seguida pelas entidades públicas e à alteração benévola das condições meteorológicas”, conclui.

Reitera contudo a advertência ”que, se não corrigirmos aquilo que depende de nós corrigir, bem podemos recear não ter a mesma sorte no futuro”.

De resto, Ireneu Barreto, que também é ponta-solense, comungou “da dor de quem passou por momentos de aflição, e de quem viu o fogo ameaçar os seus bens durante dias a fio”. Palavra particular de solidariedade para os habitantes da Fajã das Galinhas. “Foram obrigados a deixar as suas casas e os seus animais, mas guardam a esperança de encontrarem o mais rapidamente possível uma solução digna que permita encarar o futuro com segurança”.

Fez também questão de agradecer publicamente àqueles que com todas as suas forças “contribuíram para que a desgraça não fosse maior”.