O Malabarista da Assembleia
No palco da ALRAM, um espetáculo peculiar tem capturado a atenção dos espectadores mais atentos. À semelhança de um malabarista de circo, o deputado da Iniciativa Liberal demonstra habilidade para manipular palavras e ideias, mas falha em manter a coerência necessária para dar sentido ao que faz.
Na sua primeira atuação, na legislatura de seis meses, este deputado parecia ter uma única preocupação: o teleférico do Curral das Freiras. A postura era contra a ideia, mas na discussão do programa de governo desta legislatura, muda de tom e critica a burocracia envolvida no investimento em áreas ambientais. De uma hora para outra, a proteção ambiental — algo que outrora parecia importar — transformou-se num “poema à burocracia, impedindo o progresso da iniciativa privada”. O malabarista começa a tropeçar nas suas próprias palavras.
As piruetas não param por aí! Encorajou a aprovação do programa de governo e orçamento, apelando à responsabilidade dos partidos, mas, na votação, decide votar contra, rotulando-o como socialista. Aqui, o espetáculo atinge o ápice de incoerência, onde a crítica parece ser lançada ao acaso, sem compromisso com a lógica ou os próprios princípios. O malabarista, que deveria manter o equilíbrio, deixa as convicções caírem por terra. A cena torna-se ainda mais surreal quando, após declarar-se contra os subsídios, pede todos e mais alguns no seu discurso final, invocando “amigos imaginários” Maria, José e outros, que encheram o discurso de ironia difícil de ignorar. O malabarista, incapaz de sustentar as próprias palavras, passa a fazer malabarismos com fantasias.
Mas o que dizer do cúmulo das inocências? Criticar a proposta do PAN sobre a restrição dos fogos de artifício, apenas para, após os devastadores incêndios, virar a casaca e defender o uso limitado destes? É como se o malabarista, numa tentativa desesperada de manter o espetáculo, tivesse decidido mudar as regras do jogo a meio da apresentação, numa clara tentativa de capitalizar sobre a tragédia. O malabarista se esquece que, mais do que palavras, o que o público espera são ações coerentes e comprometidas. Em vez disso, o que assistimos é um espetáculo de malabarismo político, onde as promessas e princípios são jogados ao ar, apenas para caírem no vazio.
Se o Liberalismo alguma vez funcionar, certamente que não será através deste deputado. Com postura errática e incoerente, o malabarista da Assembleia transforma aquilo que deveria ser um exercício sério de representação política num show de ilusões. E, tal como num circo, o público começa a cansar-se das mesmas manobras repetitivas, esperando ansiosamente pelo próximo ato — quem sabe, mais coerente e menos fantasioso.”