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Fact Check Madeira

“Porquê o Falcon 50 e não o C-295, como qualquer cidadão do Porto Santo?”

Terá sido por mordomia da Força Aérea que a evacuação médica de Pedro Ramos do Porto Santo para a Madeira foi feita no Falcon 50 em vez do C-295, avião militar baseado no Porto Santo e habitualmente usado nos transportes aeromédicos?

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FOTO: FAP

A notícia que Pedro Ramos sentiu-se mal após o almoço desta sexta-feira, no Porto Santo, onde se encontrava no exercício de funções governativas, e fora assistido no Centro de Saúde local, prendeu a atenção dos leitores ao final do dia de ontem. Ao princípio da noite o DIÁRIO dava conta que o secretário regional de Saúde e Protecção Civil iria ser transferido para a Madeira em avião da Força Aérea, como normalmente ocorre nas evacuações médicas. Acontece que ao contrário do meio aéreo habitualmente empenhado nestas acções de transporte, o avião C-295, a aeronave mobilizada pela Força Aérea Portuguesa (FAP) para ‘socorrer’ o governante madeirense foi o versátil ‘Falcon 500’. Avião que se encontrava estacionado em Lisboa.

Não tardaram as reacções à notícia, nomeadamente à escolha da aeronave do dispositivo operacional que acabou por ser empenhada no transporte aeromédico de Pedro Ramos, transferência que viria a ser concretizada já de madrugada com o governante a ser acompanhado por uma Equipa Médica de Intervenção Rápida (EMIR).

Entre os muitos comentários, o leitor Luís Oliveira questionou: “Porquê o Falcon 50 e não o C-295, como qualquer cidadão do Porto Santo?” No mesmo comentário chegou a insinuar que Pedro Ramos estaria a beneficiar de regalia ou privilégio por ser membro do governo.

“Só mordomias para quem dispensava aviões militares há poucos dias (para transporte de bombeiros sapadores e para ataque aéreo aos fogos)!”, atirou.

Terá sido mordomia ser ‘socorrido’ pelo muitas vezes presidencial ‘Falcon 50’?

Pedro Ramos vai ser transferido para a Madeira num avião da Força Aérea

Governante sofreu uma indisposição, esta tarde, no Porto Santo

Gonçalo Maia , Carolina Rodrigues , 06 Setembro 2024 - 21:36

Foi isso que fomos averiguar.

Desde logo perceber que meios aéreos estão afectos ao Aeródromo de Manobra N.º 3 (Porto Santo), aeródromo que sucedeu à antiga infra-estrutura NATO, decorria o ano de 1994. Na altura, em virtude da conjuntura internacional e das alterações entretanto verificadas ao nível da NATO, a sustentação e manutenção dos recursos humanos e logísticos existentes passou a ser responsabilidade nacional tendo-se nessa altura constituído o destacamento da Força Aérea no Porto Santo, explica a FAP na sua página oficial.

Num passado mais recente, em Março de 2006 o SA-330 PUMA estacionado no Aeródromo do Porto Santo foi substituído pelo EH-101 Merlin passando o Destacamento Aéreo da Madeira a dispor desta aeronave e do C-212 AVIOCAR. No final dessa década, em Novembro de 2010, o C-212 Aviocar foi substituído pelo C-295 passando o Destacamento Aéreo da Madeira (DAM) a ser constituído por esta aeronave e pelo EH-101 Merlin.

Acontece que nem sempre a base no Porto Santo contou com as duas aeronaves atribuídas operacionais, caso do avião C-295 e do helicóptero EH-101 Merlin, este último recorrentemente inactivo, alegadamente por falta de tripulação.

Importa esclarecer que a frota C-295M é composta por 12 aeronaves, o mesmo número de EH-101 Merlin.

De acordo com a FAP, entre 2008 e 2011, foram adquiridas 12 aeronaves EADS/CASA C-295M, para substituírem os C-212 Aviocar. Sete destas aeronaves foram configuradas para Transporte Aéreo Táctico e as restantes cinco para missões de Vigilância e Reconhecimento (VIREC). Afectas à Esquadra 502 ‘Elefantes’, o EADS C-295M é um avião preparado para diversas missões, nomeadamente evacuações médica, com a particularidade de estar certificado para operações em quaisquer condições meteorológicas.

Foram também adquiridos 12 EH-101 Merlin, um helicóptero de transporte médio, em três variantes distintas para três tipos de missões diferentes. A frota consiste em 6 de variante SAR (Busca e Salvamento), 2 de variante SIFICAP (Sistema de Fiscalização e Controlo das Actividades da Pesca) e por 4 de variante CSAR (Busca e Salvamento em Combate).

A última missão aeromédica em que esteve empenhado o avião C-295M, da Esquadra 502 – ‘Elefantes’ posicionado no Porto Santo aconteceu precisamente na manhã desta sexta-feira, com a Força Aérea a transportar entre as duas ilhas madeirense um doente a necessitar de cuidados de saúde diferenciados, revelou a FAP através da conta oficial na rede X (antigo Twitter).

Razão para muitos leitores estranharem no mesmo dia à noite a Força Aérea tenha optado por transporte de longa distância ao empenhar a partir do continente o avião Falcon 50 da Esquadra 504 – ‘Linces’ para transferir Pedro Ramos do Porto Santo para a Madeira.

A Força Aérea, através das Relações Públicas, esclareceu que o avião C-295M estacionado no Porto Santo havia sido dado como inoperacional após a missão matinal, situação agravada pela ausência – já habitual - do EH-101 Merlin, ou seja, ontem à tarde/noite no Porto Santo não havia aeronave militar operacional. Daí o recurso a Lisboa e ao avião Falcon 50 da Esquadra 504 – ‘Linces’, que fez escala no Porto Santo para assegurar a evacuação médica de doente (Pedro Ramos) a necessitar de cuidados de saúde diferenciados.

Explicou ainda que durante a última noite o Aeródromo de Manobra N.º 3 (Porto Santo) foi ‘reforçado’ com a chegada de um avião C-295M enviado do Montijo, de modo a colmatar a inoperacionalidade da outra aeronave sua congénere.

A evacuação médica de Pedro Ramos em Falcon 50 deveu-se à inoperacionalidade do C-295?