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Papa apela a Papua Nova Guiné para "parar a espiral" de violência tribal

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O papa pediu hoje à liderança da Papua Nova Guiné para "parar a espiral" da violência tribal ancestral que matou ou deslocou dezenas de milhares de pessoas no país.

Essa violência "não permite que as pessoas vivam em paz e impede o desenvolvimento", afirmou Francisco num discurso dirigido às autoridades, à sociedade civil e ao corpo diplomático.

Existem poucos dados credíveis sobre o número de pessoas que morreram nestes conflitos, embora as agências das Nações Unidas estimem que cerca de 100 mil pessoas tenham sido deslocadas.

Os confrontos tribais, que ocorrem há séculos, tornaram-se mais intensos nos últimos anos com o afluxo de armas automáticas e mercenários.

As autoridades da ilha multiplicaram as estratégias para travar a violência, através da repressão, mediação, amnistia e outros métodos, mas sem grande sucesso, de acordo com a agência de notícias France-Presse.

Os abusos cometidos são muitas vezes de grande violência, com vítimas mortas à machadada ou queimadas, mutiladas ou torturadas.

Civis, nomeadamente grávidas e crianças, foram visados no passado.

A população da Papua Nova Guiné mais do que duplicou desde 1980, aumentando a pressão sobre as terras e os recursos e exacerbando as rivalidades tribais.

Francisco apelou também à "valorização dos recursos naturais e humanos" do país, em benefício de "toda a comunidade".

A Papua Nova Guiné possui vastas reservas de ouro, cobre, níquel, gás natural e madeira, que têm atraído o investimento de muitas multinacionais.

"Mesmo que a sua exploração exija a intervenção de competências mais alargadas e de grandes empresas internacionais", estas não devem ser as únicas a beneficiar delas, considerou o papa.

"É justo que as necessidades das populações locais sejam devidamente tidas em conta na distribuição dos rendimentos e no emprego da mão de obra, para melhorar efetivamente as condições de vida", disse.

A Papua Nova Guiné é a segunda paragem da longa viagem papal pela região Ásia-Pacífico, que arrancou na Indonésia e que ainda o vai levar a Timor-Leste e Singapura.