Rússia ameaça agir contra 'media' ocidentais em retaliação por sanções
O Kremlin ameaçou hoje restringir a atividade dos aos meios de comunicação norte-americanos ainda presentes na Rússia em retaliação pelas sanções anunciadas na quarta-feira contra 'media' russos.
"Não pode haver medidas de contrapartida, pois não existe uma agência de notícias estatal nos Estados Unidos, nem um canal de televisão estatal. Mas, é claro, haverá medidas que constituirão restrições de transmissão para os seus meios de comunicação", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, citado pela agência de notícias estatal Ria Novosti.
Na quarta-feira, as autoridades norte-americanas sancionaram responsáveis do meio de comunicação russo Russia Today (RT), incluindo a sua editora-chefe, Margarita Simonian, alegando que houve tentativas da Rússia de interferir nas eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos.
Numa conferência telefónica posterior com jornalistas, Peskov não detalhou as medidas planeadas.
"Washington não permite sequer a possibilidade de as nossas informações poderem ser acessíveis a qualquer pessoa. Condenamos veementemente essa atitude, que é inaceitável", afirmou Peskov.
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, considerou na quinta-feira que as medidas tomadas contra os responsáveis da RT faziam parte de uma "campanha de informação", garantindo que Moscovo prepara sanções capazes de "fazer arrepiar todo o mundo", sem adiantar mais pormenores.
Hoje, Dmitri Peskov afirmou que a censura e outras restrições são justificadas na Rússia devido ao "estado de guerra" em que se encontra o país.
"No estado de guerra em que nos encontramos, as restrições são justificadas, tal como a censura é justificada, não há razão para o esconder", disse Peskov numa entrevista à agência de notícias oficial russa TASS.
Peskov declarou "quando a guerra terminar, e todas as guerras terminam em paz, deve haver plena liberdade de informação".
A Rússia, que chama à sua invasão da Ucrânia uma "operação militar especial", não declarou formalmente o estado de guerra.
Peskov acrescentou que Moscovo não fixou um prazo para concluir a campanha militar que lançou na Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, uma vez que o importante é atingir todos os objetivos, que o Presidente russo, Vladimir Putin, definiu como a "desmilitarização" e a "desnazificação" da Ucrânia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, estava consciente dessas operações, argumentou a Casa Branca na quarta-feira.
A maioria dos meios de comunicação norte-americanos que opera na Rússia reduziu a sua força de trabalho ou retirou os seus funcionários do país a partir de fevereiro de 2022, com o início da guerra na Ucrânia.
Um repórter do Wall Street Journal, Evan Gershkovich, que estava preso desde final de março de 2023, posteriormente condenado por "espionagem" -- acusação que o jornalista, o seu empregador e Governo norte-americano sempre rejeitaram -- foi libertado numa troca com outros prisioneiros em 01 de agosto.
O Kremlin está a travar uma campanha total de repressão contra os seus opositores e os meios de comunicação independentes, o que o colocou no último lugar da classificação de liberdade de imprensa de 2024 da organização Repórteres Sem Fronteiras.