EUA acusam cidadãos russos por ataques informáticos antes da invasão
O Departamento de Justiça norte-americano alargou a sua acusação a cidadãos russos no ataque informático conhecido como WhisperGate, que visava destruir sistemas informáticos na Ucrânia e em 26 aliados da NATO, incluindo os Estados Unidos.
Uma nova acusação anunciada hoje aponta cinco elementos dos serviços de informações militares russos numa conspiração para desmoralizar o povo ucraniano em vésperas da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
Segundo uma autoridade federal citada pela agência Associated Press (AP), o ataque de 'malware' ('software' malicioso) em janeiro de 2022 poderia ser considerado o primeiro tiro da Rússia.
Os ataques cibernéticos penetraram em empresas norte-americanas e visaram infraestruturas civis e os sistemas informáticos da Ucrânia não relacionados com a defesa, incluindo o poder judicial, os serviços de emergência, a segurança alimentar e a educação.
"Procurando minar a moral da população ucraniana, os arguidos também roubaram e divulgaram dados pessoais de milhares de civis ucranianos, incluindo informações de saúde de pacientes e outros dados privados confidenciais para venda 'online' e depois provocando essas vítimas", descreveu Matthew Olsen, procurador-geral adjunto para a segurança nacional.
Os ataques não se limitaram à Ucrânia, segundo Olsen em conferência de imprensa em Baltimore com o procurador de Maryland, Erek Barron.
"Visaram computadores em todo o mundo e utilizaram as infraestruturas informáticas de uma empresa involuntária sediada nos Estados Unidos para conduzir os ataques WhisperGate", relatou.
Os seus alvos incluíam sistemas informáticos em 26 aliados da NATO, incluindo os Estados Unidos."
Um grande júri federal em Baltimore indiciou os oficiais dos serviços de informações militares Vladislav Borovkov, Denis Denisenko, Yury Denisov, Dmitry Goloshubov e Nikolai Korchagin, juntamente com Amin Timovich Stigal, um civil russo de 22 anos indiciado em junho.
Os arguidos são acusados de conspirar para obter acesso não autorizado a computadores associados aos governos da Ucrânia e dos seus aliados.
O executivo norte-americano oferece 60 milhões de dólares (54 milhões de euros) em recompensas por ajuda que leve à localização dos suspeitos ou à atividade cibernética maliciosa.
"Este tipo de guerra cibernética não será tolerado. A extensão dos crimes da Rússia não pode ser ignorada", comentou William J. DelBagno, agente especial do FBI em Baltimore.
Esta acusação é anunciada um dia depois de a justiça norte-americana implicar responsáveis do canal televisivo estatal russo RT e apreender 32 domínios na Internet com ligação ao Governo da Rússia, por tentativa de influenciar as eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos.
As medidas, segundo as autoridades norte-americanas, representam um esforço para travar uma ameaça persistente da Rússia, com potencial de semear a discórdia e criar confusão entre os eleitores, e que tinha o conhecimento do líder do Kremlin, Vladimir Putin.
Washington disse que a Rússia continua a ser a principal ameaça às eleições, mesmo enquanto o FBI investiga um 'hacking' da campanha do republicano Donald Trump pelo Irão e uma tentativa de violação da campanha dos democratas.
No mesmo dia, o Departamento do Tesouro sancionou duas entidades russas e dez pessoas, várias delas jornalistas e diretores do canal RT.