MP da Venezuela mantém mandado de detenção de opositor Edmundo González Urrutia
O Procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse hoje que continua em vigor o mandado de detenção contra o opositor Edmundo González Urrutia, prosseguindo ainvestigação relacionada com a denúncia de fraude nas eleições presidenciais.
"O Ministério Público ratifica a citação a Edmundo González Urrutia com o mandado de detenção em curso e ratifica que está solicitado e deve ser levado à justiça no quadro da Constituição e da lei", disse.
Durante uma conferência de imprensa em Caracas, Saab explicou que na quarta-feira teve um encontro com José Vicente Haro, advogado do político opositor, que lhe entregou uma carta para dar a conhecer os motivos pelos quais Urruita não compareceu a três intimações do Ministério Público.
"Se ele é inocente, por que não compareceu à intimação? Esta carta abre um precedente negativo para a lei venezuelana, porque, segundo este setor há venezuelanos de primeira classe acima dos outros e os restantes 99,99 não sei em que classe se encontram. Qualquer venezuelano pode ser convocado para aqui, como já aconteceu", disse.
Saab anunciou ainda que foi aberta uma investigação de caráter penal por ameaças de morte ao procurador que leva a investigação, tendo como provas 400 mensagens de correios eletrónicos e de WhatsApp.
A líder opositora María Corina Machado já reagiu às declarações do Procurador-Geral da Venezuela e através das redes sociais assumiu a sua responsabilidade pela divulgação das atas das eleições presidenciais de 08 de julho.
"Orgulho-me de fazer parte deste poderoso movimento que tornou possível esta extraordinária operação cívica e tecnológica e assumo responsabilidade pelas atas porque são legais, legítimas e expressam a soberania popular do povo venezuelano", disse na X, antigo Twitter.
Na mesma rede social María Corina Machado, ratifica a sua posição e insiste que as declarações do Procurador demonstram que ele "a Procuradoria é um braço da perseguição e do terrorismo de Estado na Venezuela", afirma.
Na mesma mensagem explica ainda que "Urrutia é o presidente eleito da Venezuela. Maduro sabe-o, o Conselho Nacional Eleitoral sabe-o, os juízes sabem-no e os membros das Forças Armadas Nacionais sabem-no. Os cidadãos militares e policiais têm um dever constitucional que devem cumprir".
Também que "o processo de defesa do voto, recolha, digitalização e publicação dos registos oficiais e originais na página web resultadosconvzla.com não é apenas um direito constitucional dos venezuelanos, mas um feito cívico épico, hoje reconhecido e admirado pelo mundo inteiro".
"O que fizemos é heroico. O que o regime faz é monstruoso. Nós estamos avançando e eles cada dia se afundam mais", explica.
Um tribunal venezuelano especializado em crimes relacionados com terrorismo emitiu, em 03 de setembro, um mandado de prisão para Urrutia, candidato presidencial do maior bloco anti-regime nas eleições de 28 de julho.
O ex-candidato é acusado pelo Estado de ter alegadamente cometido os crimes de "usurpação de funções", "falsificação de documentos públicos", "instigação à desobediência das leis", "conspiração", "sabotagem de danos no sistema e associação [para cometer crimes]".
O Ministério Público pediu à justiça que emitisse um mandado de prisão para Urrutia depois de este não ter comparecido a três convocatórias, nas quais devia prestar declarações no âmbito da investigação.
A investigação está relacionada com a publicação de uma página na Internet em que a principal coligação da oposição - Plataforma Unitária Democrática (PUD) - afirma ter carregado "83,5% das atas eleitorais" recolhidas por testemunhas e membros das mesas de voto.
A PUD divulgou as atas, que o executivo, por sua vez, qualificou de falsas, depois de o Conselho Nacional Eleitoral ter proclamado Maduro como vencedor das eleições.
A vitória do atual Presidente foi questionada por vários países, alguns dos quais apoiam a afirmação de que González Urrutia ganhou a liderança do país.