Ditadura da Esquerda
As últimas cinco décadas têm sido definidas pelo enviesamento da sociedade portuguesa à Esquerda do espectro político, uma tendência que tem provocado alterações profundas, mas nada positivas, no pensamento e na conduta colectiva das comunidades. Longe de ser o fruto do ocaso ou a consequência do natural fluir do espírito do tempo, a ditadura da Esquerda que tem tomado forma no nosso país resulta, em grande medida, de dois aspectos diferentes. Por um lado, o legado constitucional que emergiu da revolução de 1974, que privilegiou o domínio da escola marxista e dos seus afiliados mais fundamentalistas, ao mesmo tempo que procurou subjugar, ao ponto da insignificância, as forças mais conservadoras, incluindo as Forças Armadas. Por outro lado, os ataques incessantes e vis que têm sido levado a cabo pela dita Esquerda à família e ao ensino, duas instituições nucleares e que, mais do que quaisquer outras, determinam o futuro próspero ou falhado dos povos e das civilizações.
Movida pela pulsão insaciável de impor a tudo o seu controlo repressivo, a Esquerda tem procurado banalizar centralidade do papel da família como núcleo da formação humana, ao mesmo tempo que tem tentado tomar de assalto o ensino básico e secundário, que vê como porta de entrada para impor o seu modelo falhado às demais instituições e vida social. A evidência destes esforços está espelhada no agravamento da indisciplina (na família, nas escolas e nas ruas), no excesso de burocracia (usada como arma de controle), na institucionalização do facilitismo e da mediocridade (que impossibilita o crescimento e embrutece os cidadãos), no empobrecimento (que é mantido propositadamente para facilitar a gestão de clientelas), na fragilização da identidade nacional e das fronteiras (para apagar o sentido de História) e na submissão da governação à comunicação social (muita da qual também já abandonou quaisquer réstias de imparcialidade ou recato).
Ultrapassar a tirania da Esquerda instalada, a guerra psicológica que lhe está associada e as suas perversidades mais funestas, tais como a ideologia de género, o ambientalismo selvagem, o globalismo desumano e a secundarização da Vida, não é uma missão fácil. Porém, tornou-se um desígnio inegável para todos os que estão realmente comprometidos com a busca permanente e livre da Verdade, e, através dela, com a salvação da civilização que nasceu do encontro histórico da fé no Deus de Israel, da razão filosófica da Grécia e da lógica jurídica de Roma do fosso para o qual foi relegada por aqueles que, sob uma capa pretensiosa de um intelectualismo falso e de um humanismo hipócrita, veneram o niilismo do absurdo, nas suas muitas e mais aberrantes expressões.
Neste processo de recuperação social, seis noções são determinantes, as quais enumerarei, deixando o seu desenvolvimento para ocasiões futuras: lucidez mental (para que nunca permitamos que a moral e razão sejam ultrapassadas por visões disfóricas da vida humana), autorresponsabilidade (para vencer a propensão para culpar os outros por aquilo que acontece na nossa vida), rejeição do parasitismo social (para que a solidariedade seja para quem precisa e não para quem quer viver à custa dos impostos pagos por quem dignamente trabalha), defesa da família (onde tem lugar a formação e educação do indivíduos, nos termos morais e éticos definidos pelos pais, cabendo à escola, só e apenas, o ensino), repulsa do ‘politicamente correcto’ (que promove a implosão social e inibe o pensamento crítico) e imposição, no espaço nacional e europeu, do peso da cruz cristã à islamização social, já em marcha, e ao relativismo aniquilador, que se disfarçou de progressismo, globalismo e multiculturalismo.
A escolha com que somos deparados é se queremos ser sujeitos racionais, que livremente constroem a sua prosperidade, com base nos valores e princípios que enformam a nossa História e a nossa Identidade, ou se, pelo contrário, vamos continuar a ser prisioneiros da ignorância, das distorções e dos absurdos que são tão adorados pela Esquerda radical e tão tolerados por certa Direita confusa e fraca. Porque a condescendência acarreta consequência que nos serão fatais, o combate acérrimo pelo Bom, pelo Ético e pelo Belo é, hoje, uma questão de sobrevivência.