Guiné-Conacri regista primeiro caso de mpox
A Guiné-Conacri anunciou hoje o primeiro caso confirmado de mpox, no mesmo dia em que o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde alertou que as vacinas, por si só, não vão resolver o problema.
A confirmação do primeiro caso neste país vizinho da Guiné-Bissau aconteceu após uma reunião de emergência do Ministério da Saúde, na terça-feira, de acordo com a agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), sendo a Guiné-Conacri o 14.º país a registar a doença em África.
"A reunião de terça-feira foi aproveitada pela Agência Nacional de Segurança Sanitária (ANSS) para apresentar o plano de preparação e resposta, acompanhado de um orçamento", refere o comunicado.
"Foi confirmado que o primeiro caso foi descoberto na subprefeitura de Koyamma, na prefeitura de Macenta, na região da floresta", disse à AFP um funcionário do Ministério da Saúde, que pediu anonimato por não estar autorizado a falar com a imprensa.
Em África, a epidemia está agora presente em 14 países, atualizados hoje com o anúncio da Guiné-Conacri, com destaque para a RDCongo, mas também o Burundi (796 casos), o Congo-Brazzaville (162 casos) e a República Centro-Africana (45 casos), segundo dados do CDC África de 27 de agosto.
O ressurgimento da mpox no continente e o aparecimento de uma nova variante (clade 1b) levaram a OMS a ativar o seu nível de alerta mundial mais elevado em meados de agosto e está a preocupar as autoridades de vários países, nomeadamente no Burundi, país onde os casos estão a crescer de forma significativa.
Sobre os casos detetados Burundi "o mais preocupante é que estão espalhados por todo o país", disse hoje a líder da Unidade de Doenças Emergentes da Organização Mundial de Saúde, Maria Van Kerkhove, citada pela agência espanhola de notícias, a Efe.
Numa conferência de imprensa, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, confirmou que as vacinas chegarão à República Democrática do Congo já na quinta-feira e que a campanha de vacinação começará no fim de semana, mas afirmou que a vacinação contra a mpox no país, onde já foram declarados mais de 18 mil casos e pelo menos 629 mortos este ano, é só uma parte do plano de resposta.
"As vacinas, por si só, não vão parar o surto, por isso trabalhamos para fortalecer a vigilância, combater a desinformação e envolver mais as comunidades", disse o líder da OMS.
Esta organização de saúde das Nações Unidas declarou, a 14 de agosto, a segunda emergência internacional de mpox devido à rápida expansão da nova estirpe do vírus que já está confirmada em países como o Burundi, Ruanda, Uganda, Quénia, Suécia e Tailândia.
A mpox é uma doença viral que se propaga dos animais para os seres humanos, mas também é transmitida entre seres humanos, causando febre, dores musculares e lesões cutâneas.
Também hoje, a diretora do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) revelou que o risco para a população dos países da União Europeia (UE) "é baixo" e assegurou que o mpox não é a próxima pandemia.
"É preciso clarificar uma coisa, o mpox não é o próximo covid-19", assegurou Pamela Rendi-Wagner, durante uma audição na Comissão de Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar do Parlamento Europeu, em Bruxelas.
Reconhecendo que "o tamanho do surto em África pode ser muito maior", por falta de informações credíveis, a diretora do ECDC sustentou que os vírus do mpox e o SARS-CoV-2 "espalham-se de maneiras diferentes, têm riscos completamente diferente e também há uma vacina eficaz" para o mpox.
"Não era esse o caso em 2020 quando começou a pandemia da covid-19", concluiu.