Papa quer reforçar diálogo inter-religioso para combater extremismo
O papa Francisco pediu hoje, em Jacarta, um "reforço do diálogo inter-religioso" para "combater o extremismo e a intolerância".
Este diálogo é "essencial para enfrentar os desafios comuns, incluindo o de combater o extremismo e a intolerância, que - distorcendo a religião - tentam impor-se através do engano e da violência", disse o papa, num discurso às autoridades indonésias e ao corpo diplomático no palácio presidencial, no início de uma longa digressão pela região Ásia-Pacífico.
"Para favorecer uma harmonia pacífica e construtiva que garanta a paz (...), a Igreja deseja reforçar o diálogo inter-religioso", afirmou.
"Há casos em que a fé em Deus é continuamente posta em evidência, mas muitas vezes para ser infelizmente manipulada e utilizada (...) para fomentar divisões e aumentar o ódio", lamentou Francisco, que denuncia regularmente todas as formas de fundamentalismo religioso.
Na quinta-feira, o papa vai participar no encontro inter-religioso na mesquita Istiqlal, a maior do Sudeste Asiático, ligada à catedral pelo "túnel da amizade", e assinar uma declaração conjunta sobre a tolerância com o grande imã Nasaruddin Umar.
Jorge Bergoglio elogiou o "respeito mútuo pelas especificidades culturais, étnicas, linguísticas e religiosas de todos os grupos humanos que compõem a Indonésia", pois "é o fio condutor indispensável que mantém o povo indonésio unido e o torna orgulhoso".
Os católicos representam apenas 3,1% dos 270 milhões de habitantes da Indonésia, mas com oito milhões de fiéis é a terceira maior população católica da Ásia, depois das Filipinas e da China, enquanto os muçulmanos representam 89,4%.
Juntamente com o Presidente cessante, Joko Widodo, com quem se encontrou, Francisco reiterou que "a harmonia no respeito pelas diferenças é alcançada quando cada opinião individual tem em conta as necessidades comuns e quando cada grupo étnico e confissão religiosa atua num espírito de fraternidade, perseguindo o nobre objetivo de servir o bem de todos".
De acordo com os dados da Agência Central de Estatísticas da Indonésia (BPS), apesar de estarem a diminuir, existem 25 milhões de pobres.
O papa chegou a Jacarta na manhã de terça-feira para uma visita de três dias, no início de uma deslocação a quatro países do Sudeste Asiático e da Oceânia, que o vai levar depois à Papua Nova Guiné, a Timor Leste e a Singapura.
Nas últimas décadas, a Indonésia tem sido palco de atentados perpetrados por extremistas islâmicos, como os de 2002, na ilha costeira de Bali, nos quais morreram 202 pessoas.
Estes ataques, os mais mortíferos da história da Indonésia, conduziram a uma repressão do extremismo islâmico neste país de maioria muçulmana.
A segurança foi reforçada para a visita do papa a Jacarta, com algumas estradas fechadas e uma força de segurança de cerca de quatro mil soldados e polícias, bem como atiradores de elite.
O discurso do jesuíta argentino foi um dos primeiros eventos de um programa muito preenchido na capital indonésia, antes de um outro discurso na catedral da cidade, no final do dia, e de uma missa no estádio nacional de futebol, com 80 mil lugares, na quinta-feira.