Temos a praga. Onde está a cura?
Há uma diferença abismal entre quem governa para se manter no poder e quem governa para resolver os problemas da população.
Estamos sobejamente habituados aos primeiros, sendo que más políticas pagam-se caro, pois os problemas não se resolvem com fugas para a frente, nem imputando culpas a outrem que não à notória incapacidade de reconhecer os próprios erros.
Vale tudo para se perpetuar no poder e condutas eticamente questionáveis, em desrespeito pelas Instituições públicas, descredibilizam-nas graças à desonestidade e mediocridade de muitos dos homens públicos que as ocupam. Quando as coisas correm mal a culpa é sempre dos outros, ou dos que estiveram antes, vulgarmente.
Desde algum tempo a esta parte, chegou às nossas ruas e às nossas casas uma praga de insectos indesejáveis: o escaravelho que vem dizimando impiedosamente as nossas emblemáticas palmeiras e os mosquitos, ávidos de sangue, potenciais transmissores de doença, que têm deixado marcas profundas em grande parte da população. Não há insecticida nem repelente que lhes resista. Temos o problema. Que solução? Sem contar com outras “pragas” que há por aqui...
Não há soluções imediatas, mas temos a obrigação moral de denunciar o que está errado e fazer tudo o que está ao nosso alcance para alterar a situação. Temos de aprender a não nos calarmos perante meias verdades, inoperância, cultura clientelar e promiscuidade que coexistem pacificamente sob os nossos olhos. A neutralidade não é, não deverá ser nunca opção. E a praga da indiferença ensurdece as pessoas.
Vivemos tempos sombrios, é verdade. As piores pessoas perderam o medo e a vergonha e as melhores vão perdendo a esperança. Ficamos com a sensação de algum sabor amargo constatando que a inteligência e consciência moral se perderam algures e os seus lugares foram ocupados por caracteres corrompidos. Os que não abrem mão de seus valores são adjectivados depreciativamente, vistos como críticos mordazes e ressabiados, entre outros.
É caso para dizer. Que (boa)praga!
Madalena Castro