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Época mais crítica de incêndios termina hoje marcada pelos fogos que mataram 9 pessoas

Foto Reinaldo Rodrigues/Global Imagens
Foto Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

A época que mobiliza mais meios de combate aos incêndios rurais termina hoje e fica marcada pelos fogos da terceira semana de setembro, que deixaram uma vasta área de destruição nas regiões do norte e centro e mataram nove pessoas.

Aquela que ainda é considera a época mais crítica em fogos ficou também assinalada pela queda, a 30 de agosto, de um helicóptero de combate a incêndios no rio Douro, que provocou a morte a cinco militares da GNR que faziam parte da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPC).

Os incêndios que lavraram nas regiões norte e sul do país, atingindo sobretudo os distritos de Viseu, Aveiro, Porto, Vila Real e Braga, começaram em 15 de setembro e ficaram extintos no dia 20, tendo as chamas devorado florestas, casas, empresas, terrenos agrícolas e carros, além de terem obrigado ao corte de vias, nomeadamente a A1, ferrovia e fecho de escolas.

Os fogos de 2017, os mais trágicos em Portugal até à data com mais de 100 mortos, voltaram à memória dos portugueses, mas os deste ano tiveram um balanço menos grave em perda de vidas humanas: Nove pessoas morreram, quatro das quais bombeiros, e 175 ficaram feridas. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil exclui desta contagem os dois civis que morreram de doença súbita.

Em seis dias, estes incêndios florestais consumiram cerca de 135.000 hectares, totalizando este ano a área ardida em Portugal quase 147.000 hectares, a terceira maior da década, segundo o sistema europeu Copernicus.

As zonas mais afetadas pelos fogos foram a região de Viseu Dão Lafões, com uma área consumida pelas chamas superior a 52.000 hectares, Tâmega e Sousa (mais de 25.000 hectares) e Região de Aveiro (mais de 24.000 hectares), de acordo com o sistema europeu de observação da Terra Copernicus, que recorre a imagens de satélite com resolução espacial a 20 metros e 250 metros.

Numa semana, o país passou dos melhores valores de área ardida da década para o terceiro pior desde 2014, sendo apenas ultrapassado em 2017 (563.000 hectares) e 2016 (165.000).

Devido ao agravamento do perigo de incêndio o Governo declarou situação de alerta em todo o território do continente e uns dias mais tarde declarou situação de calamidade, o nível máximo de intervenção previsto na Lei de Bases da Proteção Civil, em todos os municípios afetados.

A Portugal chegou ajuda de mais de 300 bombeiros espanhóis e de 10 meios aéreos de Espanha, França, Itália e Marrocos, que se juntaram aos mais de 5.000 operacionais que diariamente combatiam as chamas.

Segundo dados da PJ, este ano já foram detidos cerca de 40 pessoas pelo crime de incêndio florestal.

Nos últimos três meses, o dispositivo de combate a incêndios rurais esteve na sua capacidade máxima, com 13.891 operacionais, 3.084 equipas, 2.990 veículos e 72 meios aéreos em prontidão, um aumento de meios face ao ano anterior.

A Diretiva Operacional Nacional (DON), que estabelece o Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Rurais (DECIR), indica que a partir terça-feira os meios são reduzidos, ficando no terreno, até 15 de outubro, 12.284 operacionais, 2.749 equipas, 2.651 veículos e 61 meios aéreos em prontidão.

No entanto, e além do dispositivo já previsto no DECIR para esta fase, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) garante que o dispositivo será reforçado em caso de as condições meteorológicas agravarem o risco de incêndio rural.

Nesse sentido, o DECIR deste ano prevê a mobilização de meios adicionais para responder a situações mais graves, podendo ser mobilizados até 20.000 operacionais.