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Igreja venezuelana rejeita uso político do Natal decretado por Nicolás Maduro

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Foto DR/Arquivo

A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) rejeitou hoje o uso político do Natal, um dia depois de o Presidente Nicolás Maduro decretar, como fez em anos anteriores, uma "antecipação" desta época para 01º de outubro.

"O Natal é uma celebração universal. O modo e o tempo da sua celebração são da competência da autoridade eclesiástica. Esta festividade não deve ser utilizada para fins propagandísticos ou políticos", refere a CEV num comunicado publicado na rede social Instagram.

A instituição recorda que as datas a considerar para o Natal incluem o dia 01 de dezembro, quando se inicia o 'Advento' ou a preparação para a comemoração do nascimento de Jesus, e o início do "tempo litúrgico", que começa a 25 de dezembro e termina a 06 de janeiro.

Esta segunda-feira, durante o seu programa semanal de televisão, Nicolás Maduro anunciou que iria antecipar o início das celebrações natalícias para 01 de outubro "em homenagem" e " gratidão" ao "povo trabalhador" venezuelano.

"Estamos em setembro e cheira a Natal, cheira a Natal. E é por isso que este ano, em homenagem a vocês, em gratidão a vocês, vou decretar que o Natal será antecipado para o 1º de outubro", disse o Presidente.

"Setembro está a chegar e, graças ao facto de termos fechado o mês de agosto com boas perspetivas económicas, podemos dizer, e eu já disse: cheira a Natal", afirmou ainda, agradecendo aos compatriotas os esforços desenvolvidos em face aos ataques "fascistas".

Não é a primeira vez que Maduro antecipa o Natal para outubro e intensifica durante esse período ao final de dezembro a distribuição de ajuda e sacos de alimentos nos bairros, através dos chamados Comités Locais de Abastecimento e Produção (CLAP).

A tomada de posse de Nicolas Maduro está agendada para depois do Natal e do Ano Novo, para dia 10 de janeiro.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.