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Ex-membro do gabinete de guerra israelita acusa Netanyahu de perder o rumo

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O opositor israelita e antigo membro do gabinete de guerra, Benny Gantz, defendeu hoje que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, "perdeu o rumo" e está a confundir os interesses pessoais com os do país.

"Perdeu o rumo e vê-se a si mesmo como o Estado. E isso é perigoso", disse Gantz durante o seu discurso na conferência anual da Ordem dos Advogados de Israel, no qual censurou Netanyahu por querer "sobreviver no poder a qualquer preço", de acordo com o jornal The Times of Israel.

Gantz criticou, por outro lado, aqueles que descreveram Netanyahu como um assassino, após a descoberta dos corpos sem vida de seis reféns em posse do grupo islamita palestiniano Hamas, num túnel na cidade de Rafah, no sul do território.

"Netanyahu não é um assassino e condeno que isto seja incitado contra ele", declarou o antigo ministro da Defesa, acrescentando que assassinos são o líder do Hamas, Yahya Sinwar, e a Guarda Revolucionária Iraniana.

As palavras de Gantz surgem a par do terceiro dia de manifestações em Israel, exigindo ao primeiro-ministro uma trégua na Faixa de Gaza e a libertação dos reféns ainda em posse do Hamas.

Mais de 300 mil israelitas protestaram nas ruas no passado domingo, dia em que foi anunciada a morte dos seis reféns israelitas na Faixa de Gaza.

O primeiro-ministro indicou na segunda-feira que os reféns foram abatidos com um tiro na nuca.

O Hamas rebateu a acusação, de acordo com um dirigente do grupo palestiniano citado sob anonimato pela agência France Presse (AFP), alegando que os reféns foram mortos "por tiros e bombardeamentos do ocupante", ou seja, de Israel.

Durante o ataque sem precedentes do Hamas em 07 de outubro a Israel, que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza, 251 pessoas foram raptadas e 97 continuam detidas, incluindo 33 consideradas mortas pelo Exército.

O ataque provocou também a morte de cerca de 1.200 pessoas, sobretudo civis.

Em resposta, Israel lançou uma grande ofensiva aérea e terrestre na Faixa de Gaza, que fez mais de 40 mil mortos mortos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, na maioria mulheres e menores.

O anúncio no domingo causou intensa agitação em Israel e intensificou ainda mais as críticas ao primeiro-ministro, acusado de não fazer o suficiente para libertar os reféns ainda detidos.

O próprio Presidente norte-americano, Joe Biden, cujo país é o principal aliado de Israel, criticou Netanyahu por não ter ainda feito a sua parte para alcançar um acordo com o Hamas.

Na noite de segunda-feira, o chefe do Governo de Telavive reiterou que não cederia à pressão e que iria manter a operação militar contra o grupo palestiniano, recusando-se a ceder o controlo da faixa estratégica do Corredor de Filadélfia, no sul do enclave, e que tem sido uma das principais fontes de bloqueio das negociações.