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França pede "tratado de migração" Reino Unido-UE após naufrágio no Canal da Mancha

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Foto AFP

A França apelou hoje ao "restabelecimento de uma relação clássica de migração" entre o Reino Unido e a União Europeia, horas depois de um naufrágio no Canal da Mancha vitimar pelo menos 12 pessoas.

O ministro do Interior francês demissionário, Gérald Darmanin, que visitou o local do naufrágio no norte de França, recordou que o país defende há dois anos "um tratado migratório entre a Grã-Bretanha e a União Europeia" para tentar pôr fim às partidas clandestinas.

As vítimas deste naufrágio eram "indubitavelmente pessoas do Corno de África", afirmou Darmanin, sublinhando que as pessoas que tentam atravessar para a costa inglesa o fazem "para reunirem-se a família, para trabalharem lá, por vezes em condições que não são aceitáveis em França".

Estas pessoas "querem ir para a Grã-Bretanha e as dezenas de milhões de euros que negociamos todos os anos com os nossos amigos britânicos, e que cobrem apenas um terço do que nós gastamos", não vão impedir as partidas ilegais, acrescentou Darmanin.

"O nosso país está determinado a acolher as pessoas que se encontram no nosso território e que pedem asilo", referiu o ministro, assegurando que "menos de 5% dessas pessoas pedem asilo em França, o que elas querem é partir".

Mais de 60 pessoas estavam amontoadas a bordo do barco que se afundou durante a madrugada, disse o ministro francês, acrescentando que 51 foram "resgatadas", duas das quais ainda se encontram "em emergência absoluta", e 12 morreram, "incluindo cerca de dez mulheres" e alguns menores.

"Menos de oito pessoas tinham coletes salva-vidas fornecidos pelos passadores", indicou Gérald Darmanin.

Segundo o Ministério Público francês, a tripulação do naufrágio era "maioritariamente eritreia".

Foi aberto um inquérito por "auxílio à entrada e permanência ilegal em grupo organizado" e "homicídio involuntário agravado", mas até ao momento não foram efetuadas quaisquer detenções.

A embarcação afundou-se a cerca de cinco quilómetros do Cabo Gris Nez, no largo da costa francesa, quando tentavam chegar a Inglaterra.

Com o naufrágio desta terça-feira, pelo menos 37 pessoas perderam a vida nestas travessias desde janeiro, o que faz deste o ano mais mortífero desde o início do fenómeno das embarcações improvisadas no Canal da Mancha.

Desde que o Reino Unido começou a registar estas chegadas em 2018, quase 136.000 pessoas atravessaram o Canal da Mancha nestes "pequenos barcos" a partir de França.

Este fenómeno desenvolveu-se em resposta ao crescente encerramento do túnel do Canal da Mancha e do porto de Calais para impedir a entrada de migrantes.