O Marítimo tem, em média, um treinador por época?
Fábio Pereira deixou de ser treinador do Marítimo ao final da tarde de ontem. Foi despedido à quarta jornada da II Liga e depois de sofrer uma goleada (5-1) em Portimão.
O treinador madeirense assumiu o comando técnico do Marítimo a 7 de Dezembro do ano passado, pelo que completou 8 meses e 27 dias nessas funções. Fez a segunda metade da época anterior e o início da actual, num total de 26 jogos na II Liga. Foram 12 vitórias, 11 empates e apenas 3 derrotas, a última na manhã de domingo, no campo do Portimonense.
A saída de Fábio Pereira era pedida pelos adeptos que, nas redes sociais, criticaram o treinador. Ontem, ao final do dia, a notícia do despedimento do treinador registava, na página do Facebook do DIÁRIO, perto de 200 comentários.
Mário Pereira, um dos leitores que comentou mais um despedimento de um treinador no Marítimo dizia que o clube mantém a média de “um treinador por época”. Será assim?
Para avaliar a veracidade da ‘estatística’ avançada pelo leitor, basta procurar uma lista de treinadores do CS Marítimo. O site Transfermakt, especialista em estatísticas de desporto e valor de mercado de jogadores e treinadores, tem uma lista pormenorizada dos vários treinadores que passaram pelo ‘banco’ verde-rubro desde a última década do século XX e, embora com menos pormenor, das décadas anteriores, desde 1979.
Numa observação rápida, é fácil verificar que o último treinador a completar um ano no Marítimo foi Daniel Ramos, precisamente o nome apontado para substituir Fábio Pereira.
Daniel Ramos – o último treinador a levar o Marítimo a uma competição europeia – esteve no clube de 22 de Setembro de 2016 a 7 de Junho de 2018, totalizando 1 ano, 8 meses e 16 dias.
Desde 2018 que nenhum treinador conseguiu completar um ano ao serviço do Marítimo.
Cláudio Braga entrou em Julho de 2018, mas foi despedido em Novembro (4 meses e 24 dias). Seguiram-se Petit (7 meses e 3 dias), Nuno Manta Santos (4 meses e 11 dias), José Gomes (8 meses e 12 dias), Lito Vidigal (4 meses e 1 dia), Milton Mendes (3 meses e 2 dias), Júlio Velázquez (8 meses e 1 dia). Vasco Seabra (9 meses e 23 dias), João Henriques (3 meses), José Gomes (6 meses e 16 dias), Tulipa (5 meses e 4 dias) e Fábio Pereira (8 meses e 7 dias).
Ao todo, 12 treinadores em seis anos, o que dá a média redonda de dois treinadores por ano. Ou seja, só neste período, o número de técnicos que o Marítimo contratou e despediu já é superior ao que previa o comentário. No entanto, compreende-se o sentido da frase do leitor que tem razão ao pretender ilustrar o ‘carrossel’ de treinadores verde-rubros.
No entanto, esta entrada e saída do comando da equipa madeirense não começou agora. Da longa lista de treinadores do Transfermarkt, são poucos os que estiveram mais de um ano na Madeira.
Antes de Daniel Ramos, o último a estar mais de um ano, Pedro Martins, outro treinador que levou o Marítimo às competições europeias, esteve 3 anos e 8 meses no clube, entre 15 de Setembro de 2010 e 15 de Maio de 2014. Uma das passagens mais longas pelo banco do Marítimo.
Mais tempo só mesmo Nelo Vingada (4 anos, 2 meses e 12 dias) que foi treinador do clube entre 1 de Janeiro de 1999 e 16 de março de 2003.
Além destes três, outros treinadores estiveram mais de um ano no Marítimo: UIisses Morais (1 anos e 16 dias), Augusto Inácio (1 anos, 1º meses e 3 dias) e Paulo Autuori (2 anos e 9 meses).
As passagens mais rápidas pelo Marítimo, neste século, excluindo os treinadores interinos, foram de Paulo César Gusmão (2 meses e 18 dias), João Henriques (3 meses), Milton Mendes (3 meses e 2 dias), Anatoly Bishovets (3 meses e 7 dias) e Lito Vidigal (4 meses e 1 dia).
Concluindo, a afirmação do leitor não pode ser considerada certa, por não ter rigor matemático, mas o sentido da frase é verdadeiro. Por isso, a classificação ‘impreciso’ é a mais adequada.