“Porque arde Portugal ?” (fim)

Acaso, de, erradamente, até ficarmos com a perceção de que na cidade é que há segurança e, que os pobrezinhos, os que vivem no interior do país, na aldeia, não saberem fazer melhor, foi a sorte que lhes coube.....

E, se este for o padrão de pensamento, de paupérrima estrutura, que as trágicas circunstâncias podem favorecer, é um angustiante sinal de que teremos dificuldades em dar um salto qualitativo na evolução, de não ficarmos na estagnação, ou, pior, no retrocesso.

Um País que não garante a segurança dos seus cidadãos, em qualquer parte do território, no séc. XXI, numa Europa, - é trágico.

Ao consultarmos o histórico de incêndios florestais, no País, relativo a megaincêndios, entre 2000 – 2009, foram 12; entre 2010 e 2018, foram 14 (florestas.pt).

Com estes dados, como será possível gerar confiança, atrair investimento e pessoas para o interior do país, que está em processo de desertificação. A segurança de pessoas e bens está em causa, o risco é elevadíssimo.

Uma senhora que vive numa das aldeias disse a um dos canais de Tv, que perdeu todos os seus bens, afirmou que várias vezes disse na Junta de Freguesia e na Câmara Municipal que era preciso fazer uma anel de segurança na floresta, em redor da aldeia, mas que tal nunca foi feito.

Este, será um, de muitos exemplos, que Henrique Pereira dos Santos referiu, na entrevista, quando afirmou que estaria falando da metáfora do fogo, no nosso país, porque tem sido legislado para a reforma da floresta, mas pouco tem sido feito, na sua implementação.

A Celpa – Associação das Bioindústrias de Base Florestal (agora biond.pt), há 7 anos, concluiu: “Quando a pressa e os interesses político-partidários dominam e suplantam o conhecimento técnico e científico e ignoram a opinião das entidades mais relevantes, conhecedoras e competentes na área florestal, auscultadas em audiências parlamentares, defraudam-se justas expectativas, prejudicam-se milhares de proprietários e empregos, e desencorajam-se investimentos futuros. O erro histórico cometido contra a floresta é de tal forma grave que apenas podemos acreditar na inevitabilidade da sua reversibilidade num futuro próximo.”

José Cardoso Pereira, professor catedrático do Departamento de Engenharia Florestal do Instituto Superior de Agronomia disse que “há uma certa “atração política de responder com reforço de meios de combate“, ao invés de um plano consistente de prevenção. “É mediaticamente mais atrativo”, aponta. “Vemos todos os dias os noticiários das oito a serem abertos com helicópteros Kamov no terreno. Mas não vemos noticiários a serem abertos com desempregados a limparem as matas”, exemplifica o investigador.” (Observador, 09 Ago 2016).

João Freitas