Madeira recebe apenas 1,3% das entidades apoiadas pela Direção-Geral das Artes
Cerca de metade de entidades apoiadas entre 2017 e 2022 estão na AMLisboa
Cerca de metade das entidades apoiadas pela Direção-Geral das Artes (DGArtes) entre 2017 e 2022 situam-me na Área Metropolitana de Lisboa (AML), de acordo com o "Atlas Artístico e Cultural de Portugal", que é hoje apresentado.
Embora haja entidades apoiadas em todas as regiões portuguesas, "praticamente metade" (48,7%), situam-se na AML, refere o estudo, a que a agência Lusa teve acesso, realizado no âmbito de um acordo entre a DGArtes e o ISCTE, através do Observatório Português das Atividades Culturais (OPAC).
Entre 2017 e 2022, 1.260 entidades receberam apoio de pelo menos um dos programas da DGArtes.
As entidades apoiadas estão concentradas em 150 municípios portugueses, havendo "maior concentração em municípios do litoral, urbanos, sobretudo localizados na Área Metropolitana de Lisboa, mas também na do Porto e na maioria das capitais de distrito e no Funchal".
A segunda região com entidades mais apoiadas é o Norte, com 25,6%. Seguem-se o Centro, com 14,9%, o Alentejo, com 5,6%, o Algarve, com 3%, e as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, com 0,9% e 1,3%, respetivamente.
A atribuição de apoio a entidades das regiões autónomas só começou em 2017, com a entrada a vigor do novo modelo de apoio às artes.
Do total de entidades apoiadas, a larga maioria (71%) iniciou atividade a partir do ano 2000, sendo que quase metade (43,4%) fê-lo entre 2010 e 2019.
Apenas 4,3% iniciaram atividade antes de 1979 e 4,7% entre 1980 e 1989.
"O perfil predominante dos apoios caracteriza-se por abranger as entidades da AML, entidades coletivas, sobretudo associações, e muito recentes", lê-se no estudo.
Já em relação às atividades que desenvolvem, a esmagadora maioria (90,7%) dedica-se principalmente à criação, ao passo que 9,3% tem na programação a sua atividade principal.
As artes performativas, que incluem teatro, música, ópera, dança, circo e artes de rua, são a área principal de cerca de metade (56,5%) das entidades. Seguem-se os cruzamentos disciplinares (29%) e as artes visuais (14,4%).
Madeira e os Açores são as regiões com menos recintos de espectáculo
Dois em cada três municípios portugueses têm pelo menos um recinto para espetáculos, estando a maioria concentrados na Área Metropolitana de Lisboa, no Centro e no Alentejo, segundo o Atlas Artístico e Cultural de Portugal, que é hoje apresentado.
O Atlas Artístico e Cultural de Portugal, realizado no âmbito de um acordo entre a Direção-Geral das Artes (DGArtes) e o ISCTE, através do Observatório Português das Atividades Culturais (OPAC), a que a Lusa teve acesso, identifica 196 municípios (66% dos 297 concelhos do Continente e dos Açores, visto não haver dados para a Madeira) com pelo menos um "recinto de espetáculos de natureza artística para a realização de atividades das artes do espetáculo".
Em 2022, eram 384 os recintos licenciados pela Inspeção-Geral das Atividades Culturais, dos quais a maioria (66,4%) têm gestão pública.
A localização dos recintos concentra-se na Área Metropolitana de Lisboa, que inclui 19 municípios todos com pelo menos um recinto, no Centro e no Alentejo, regiões onde 69% dos concelhos têm pelo menos um recinto de espetáculos.
Dos 196 municípios com recintos, a maioria (138) tem apenas um, 51 têm entre dois e quatro, e sete municípios possuem mais de cinco recintos (Braga, Coimbra, Espinho, Évora, Lisboa, Oeiras e Porto).
Dos 384 recintos registados em Portugal, a esmagadora maioria (96,4%) está capacitada para acolher espetáculos de música, de teatro (88,8%) e de dança (86,2%). No entanto, apenas 2,3% (nove recintos) conseguem acolher espetáculos de circo.
Apesar de haver recintos em apenas 196 municípios, em 2021 realizaram-se sessões de espetáculos em 259.
Nesse ano, realizaram-se em Portugal 24,5 mil sessões de espetáculos ao vivo, tendo a maior parte (36,6%) acontecido na Área Metropolitana de Lisboa, seguindo-se as regiões Centro (23,9%) e Norte (23,3%).
Ainda em 2021, os recintos de espetáculos receberam um total de 3,6 milhões de espectadores.
Mais uma vez, as percentagens mais elevadas de espectadores concentram-se nos concelhos da AML (38,3%) e no Norte (29,3%).
As regiões com menos peso são a Madeira e os Açores (abaixo dos 2%).
Os espetáculos de música são os que registam mais espectadores, quase metade, seguindo-se os de teatro (27%).
O Atlas Artístico e Cultural de Portugal, que resulta de uma decisão governamental tomada em junho de 2020, quando o Ministério da Cultura era tutelado por Graça Fonseca, é apresentado hoje numa cerimónia pública na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa.