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O “tabú de Aquiles” da União Europeia

Após a crise de 2008, em nome da estabilidade, a U.E. apressou-se em documentar a regulação (excessiva) responsável por moderar as flutuações do ciclo económico. Ora, se concordamos que a estabilidade é fundamental quanto à planificação da agenda governamental, já que dela provém a previsibilidade e o sentido de segurança na população; estranho seria ignorar que essa estabilidade é posta em causa devido à moeda única, repercutindo efeitos sentidos no Norte e no Sul da Europa.

Sendo pro-U.E. e a favor da coesão territorial; é preciso ter em conta os impactos da Zona Euro, dada a falta de coesão vislumbrável, e o tempo que se consome em discussões internas que em nada favorecem o futuro do projeto. A política monetária comum, retira capacidade de gestão às repúblicas, sacrificando empregos, no Sul da Europa, e o valor das poupanças no Norte do continente. Os membros da Zona Euro são incapazes de usar a desvalorização da sua moeda de modo a aumentar as exportações entre si - e não só - recorrendo a austeridades de ‘falso resgate’, que em nada resolvem o problema a longo prazo, já que os incentivos não estão lá. Se a flutuação da moeda traria implicações a nível empresarial - oportunidades, ainda assim, não faltariam - pelo menos, comparado aos tempos da Troika. Acredito que o sistema político nacional beneficiaria de uma maior responsabilização que adviria de uma mudança de cenário, que pode estar mais perto do que pensamos, ainda que noutros sítios primeiro. Nos últimos anos, fortaleceu-se a centralização do poder europeu, deixando a regionalização de lado em prol de um alegado coletivismo. A Alemanha e a França muitas vezes não se entendem. Por ex.: Macron considera que o excedente da balança comercial alemã deveria destinar-se aos países do Sul europeu; numa altura em que os alemães estão mais preocupados em gerir o valor das suas poupanças, do que em solucionar algo que não será resolvido a longo prazo apenas assim; mas que também lhes é conveniente, no sentido em que beneficiam, a curto prazo, da falta da competitividade do resto da Europa, de jeito a prevalecer como potência - mérito à parte, que pode ser notável ou já foi. Se o Euro já foi um grande instrumento político; no quadro atual, a aliança militar da NATO verifica-se como a primordial, em detrimento de outras. A União, dado o contexto histórico, tem também caráter militar e político, e beneficiaria, no mínimo, de uma discussão aberta acerca deste tema, embora hajam prioridades mal definidas, para além de outras preocupações legítimas. O fantasma das negociações e a imagem política negativa que isso traria ao projeto servem de entrave ao diálogo. O sucesso da Madeira está incluído no sucesso da U.E.. Entre os países da União que não adotaram o Euro, encontramos: Dinamarca, Polónia, Chéquia, Hungria, Suécia, Roménia, Bulgária, e anteriormente: o Reino Unido… não vá alguém lembrar-se de fazer como os britânicos.