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O Mundo está perigoso

Em suspenso está o resultado das eleições, nos Estados Unidos, a 5 de Novembro. Nenhum dos candidatos é ocidentalista nem europeísta

A nossa vivência do dia-a-dia, muitas vezes, não permite pensarmos “globalmente”. Preocupados que estamos com o nosso pequeno mundo, que tanto trabalho e angústia nos dá, raramente paramos para pensar… no que se passa no resto do mundo.

Vivemos uma época de grandes descobertas e de grande desenvolvimento, mas, se olharmos à volta, verificamos que a ordem mundial está ameaçada pelos conflitos existentes.

Facilmente pensamos na guerra na Ucrânia, no grave problema da Palestina, mas, provavelmente, não damos conta de que há outros diversos e graves conflitos por esse mundo fora.

Sudão, em guerra desde Abril de 2023; Burkina-Faso e Sahel - extremismo religioso, pobreza extrema e disputa por recursos naturais e terras; Nigéria – continua a enfrentar múltiplos conflitos (incluindo insurgências jihadistas no nordeste, lideradas pelo Boko Haram, e o Estado Islâmico na África Ocidental); Síria – guerra civil iniciada em 2011; Myanmar que vive uma guerra civil com grupos étnicos armados e a resistência popular a lutarem contra a Junta Militar, que tomou o poder em 2021; Iémen – conflito devastador entre rebeldes Houthis e uma coligação liderada pela Arábia Saudita; Somália – combates entre grupos extremistas, como o Al-Shabaab, e o governo; Etiópia – apesar do acordo de paz assinado em finais de 2022, as tensões na região de Tigray continuam, com combates entre a Frente de Libertação do Povo Tigray e o governo Etíope.

Isto para citar apenas os conflitos mais significativos.

Viriato Soromenho Marques, doutorado em Filosofia e professor catedrático da Faculdade de Letras da universidade de Lisboa, escrevia há dias: “Vivemos a fase mais delicada de toda a história humana”.

Em suspenso está o resultado das eleições, nos Estados Unidos, a 5 de Novembro. Nenhum dos candidatos é ocidentalista nem europeísta. Kamala Harris, apesar do esforço que tem feito para ganhar eleitorado e a aprovação do mundo, não se perfila como herdeira de Biden, que terá sido o último presidente dos EUA de pendor europeísta.

Trump continua a bater nas mesmas teclas: ameaças à continuidade dos EUA na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN/NATO), mostrando, por diversas vezes, desrespeito pelos aliados europeus; nomeadamente, quando afirma que os países que não cumpram a regra dos 2% para defesa da NATO não merecem protecção, caso sejam atacados.

Persiste na posição de querer “a América primeiro”, dificultando, ao máximo, as relações comerciais internacionais. Tem manifestado algum apoio a Putin. Tem, como “inimigo de estimação”, a China, e como geografia prioritária a Ásia/Pacífico.

A eventual vitória de Trump poderá pôr em risco a solidariedade dos EUA para com a Europa. Nomeadamente no apoio à Ucrânia.

Com a União Europeia a não conseguir encontrar um caminho comum consistente, com as economias europeias, em especial a alemã, a mostrar algum declínio, por tudo o que acabo de escrever e pela manifesta falta de estadistas e líderes que se observa por esse mundo além, o mundo está a ficar cada dia mais perigoso.