Ser verdadeiro não chega!

Quando sentimos a necessidade de que algo tem de mudar surge a questão: como e quando se deve mudar? “Ao mudar a atitude interior das suas mentes, os seres humanos podem mudar os aspetos exteriores das suas vidas (William James, psicólogo e filósofo. “A única constante da vida é a mudança” Buda, filósofo. “Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si próprio” Lev Tolstoi, escritor e ativista”. Quantas vezes cheguei a pensar que seria possível mudar o rumo à democracia em Portugal sobre tudo na nossa região? São demasiados anos, décadas, quase meio século sob a tutela dum partido único, isso analisado no contexto de liberdade e de forma sintética não poria em causa a democracia, muito menos a liberdade estaria condicionada, mas dados os fatos sucessivos e o desenrolar de situações de todos conhecidas e que os meios de comunicação apesar de tudo tentam divulgar, confirma-se o pior de dois mundos: enquanto a corrupção alastra, tornando-se viciante, quase que inabalável e incontrolável, o povo continua a achar que esta é a forma de fazer política. Política não é isto e se continuarmos indiferentes e alheio da realidade, vamos chegar o dia em que a verdade é condenada e o crime condecorado, se não é já essa a diretriz atingida pelo sistema. Resignação nunca será a solução, condenação e revolta são muito poucos os resultados que se irão obter, apenas e tão só a atitude e a perseverança farão do povo merecedor da liberdade que a democracia consagra, a não seja que após meio século estejamos impreparados para aceitar a liberdade e viver em democracia, achando que isso é para povos com outra forma de cultura. No começo, e no meu entusiasmo e ilusão de juventude, pedia a Deus que me desse forças para mudar a humanidade. Aos poucos fui percebendo que isso seria utópico, quase impossível. Então pedi-lhe que ao menos me desse força e coragem para tentar mudar ao menos quem estivesse à minha volta seguindo os meus ideais e convicções, mas esbarrei com a ambição desmedida, o orgulho impregnado, o protagonismo e a vaidade intrínseca. Mas continuo a acreditar que o mundo terá de mudar e quem defenda a verdade mesmo que isso custe toda uma vida de luta valerá a pena, pois a ansiedade a que os povos chegaram sedentos de honestidade, verdade, justiça e valores fará de mim continuar a ser um sonhador com propósitos muito difíceis mas se continuar a me rodear de pessoas que tal como eu acreditam nesta «utopia», faremos tudo para construir um mundo diferente onde as promessas virem compromissos, onde a hipocrisia se transforme em genuinidade, e a mentira em verdade. Se não quisermos atirar a liberdade pelo abismo e converter a democracia em ditadura, precisamos de trocar apatia por determinação. Porque política não é nada disto, ser verdadeiro será o princípio do fim numa nova forma de fazer política e uma nova maneira de estar em democracia.

A. J. Ferreira