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TikTok vs. Educação: Estamos a perder a batalha pelo futuro dos jovens?

Com a chegada de um novo ano letivo, é inevitável refletir sobre o impacto que as redes sociais têm sobre os jovens. Vivemos numa era em que as plataformas digitais moldam comportamentos e influenciam profundamente o desenvolvimento emocional e intelectual das novas gerações.

O TikTok, com os seus vídeos curtos e envolventes, tornou-se um fenómeno global entre os mais jovens. Nos EUA, apesar de uma diminuição no número de utilizadores da Geração Z, as suas funcionalidades viciantes mantêm-nos ligados durante longos períodos. Jovens entre 16 e 18 anos passam, em média, 108 minutos por dia na aplicação, comparados com 72 no Instagram, o que levanta preocupações sobre o impacto desta exposição prolongada a conteúdos superficiais – também relevante investigar em Portugal!

Para aprender, é preciso motivação, esforço e compromisso, muito além do consumo passivo de conteúdos. Já as redes sociais têm outro propósito: manter-nos sempre conectados e atentos, para que não percamos nada. Queremos saber o que dizem de nós, quem viu as nossas publicações e, principalmente, quem quer falar connosco. Esta dinâmica cria um ciclo vicioso de validação contínua, onde o “eu” se torna o centro de um universo egocêntrico, dificultando a concentração em qualquer outra coisa que não seja a extensão digital do nosso mundo que carregamos constantemente nas mãos: o nosso telemóvel.

À medida que os jovens entram no ensino superior, os efeitos negativos tornam-se evidentes. A transição do ensino secundário para a universidade já é desafiadora, mas muitos estudantes trazem hábitos das redes sociais que não se adequam às exigências académicas. O uso excessivo do TikTok prejudica a capacidade de concentração em tarefas que exigem reflexão e estudo aprofundado.

Embora nem todos os alunos sejam dependentes das redes sociais, a maioria mantém uma presença ativa nestas plataformas. Isso compromete a capacidade de focar em tarefas que requerem tempo e empenho. Existe uma luta interior constante: usar o tempo para aprender ou para procurar validação online? Esta sensação de estar a perder algo é avassaladora. Afinal, uma vez na internet, para sempre lá. Há sempre alguém a ver. Há sempre alguém conectado. E agora?

A solução passa por reconhecer o problema e educar para o enfrentar. Definir limites para o uso das redes sociais, criar momentos de desconexão e valorizar o tempo de estudo são medidas essenciais. Embora seja fácil sugerir, a prática é mais desafiadora, dependendo de fatores como a idade e a motivação. Na disciplina de Gestão de Redes Sociais, abordarei com os alunos o uso consciente e equilibrado das redes, destacando os seus impactos nas nossas vidas e explorando a psicologia e as técnicas persuasivas por detrás deste fascinante universo.

Neste novo ano letivo, é fundamental integrar a literacia digital nos currículos e encorajar os estudantes a serem críticos em relação ao conteúdo que consomem, desenvolvendo uma presença online refletida. As redes sociais não vão desaparecer, mas a forma como interagimos com elas pode fazer toda a diferença no nosso crescimento pessoal e académico. Que este ano letivo seja uma oportunidade para redescobrir o valor da aprendizagem, da reflexão e do tempo bem investido.