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Crónicas

Porque não te calas?

Faz-me confusão saber que o ministério público não propunha prisão preventiva mas os suspeitos estavam detidos e algemados

Alberto João Jardim chama de cachorros os que dele discordam e têm coragem de o afirmar. Eu serei um desses caninos que Alberto João aponta como ponta de lança, do renovado PSD, para refutar os seus comentários absurdos e mesquinhos sobre a vida política da Madeira e do que outrora foi o seu partido. O ódio aos militantes, por não terem votado naquele que promoveu para líder, é o testemunho de que as suas opções são desprezadas por quem esperou pelo fim do seu reinado absoluto e impiedoso. Tinha-se tornado insuportável.

O anterior rei de Espanha, Juan Carlos, muito igual ao ex líder madeirense nos vícios e fraquezas da podridão humana, perante tão desbocado discurso do ditador venezuelano Hugo Chaves, proferiu a célebre frase que ainda ecoa no mundo livre: “Porque não te calas?”

É isso mesmo! Claro que virá uma resposta que ninguém o cala ou amordaça. Vamos ter de aturá-lo, como ao seu ódio de estimação pela liderança de Miguel Albuquerque. É mais uma especificidade da “sua” autonomia, porque a nossa não tem ódios nem inimigos.

Ainda há júbilo quando adere à causa um novo crente!

Todo o poder que juntou, qualquer manual medieval ensina o caminho do absolutismo, dedicou a uma projeção pessoal raras vezes respaldada no consenso entre pares. Se não gostavas eras calado, mesmo ameaçado.

Esta habilidade em dividir o PSD, uma parte contra a legítima liderança de Albuquerque, dita “renovação”, acumulada a cativar a dividida oposição, que sempre espezinhou sem qualquer escrúpulo, mentindo ser do seu agrado a nova lei eleitoral quando simplesmente lhe foi imposta pelo presidente Jorge Sampaio.

A sua regra era a de apoiar o que não tinha força para contrariar. Assim, parecia um vencedor. Não um covarde. Conheço muitos exemplos.

Aquele, a quem agora apontam como futuro presidente honorário do JPP, que afirma não votar no PSD, vive no comentário baixo, ofensivo e nojento, única forma de escapar ao debate político, sério e construtivo, o que nunca soube fazer.

Vive para ir ao “funeral” do PSD, que tanto ficou a odiar.

Não lhe perdoo, num comentário público escrito, ter invocado doença alheia para evitar o debate discordante. Olhe para a sua avançada demência, esta sim perturbadora da sua palavra.

Muito vão pressionar os livros de História para contar uma “verdade” diferente da real. A História não é a que queremos que tivesse sido. Continuo a dizer que o maior “best-seller”, do registo político regional destes 50 anos, seria o meu eventual “Livro de Erratas” sobre os manuais auto-publicitários ditos “Relatório de Combate”. Têm cada uma!

Nova lei eleitoral

O PSD propõe-se recuperar a lei eleitoral que Alberto João Jardim diz ter substituído por uma outra que tirou representatividade política aos diferentes concelhos madeirenses, ao Porto Santo, à costa norte e sul, etc. Passou tudo para a vontade dos dirigentes partidários em vez de direito legal e obrigatório a cada concelho estar, legítima e directamente, representado na Assembleia Legislativa da Madeira.

A nova lei que Jardim diz ter promovido - depois de mim o caos - faz com que os partidos sejam os “donos” da representatividade parlamentar local, em vez da lei dar direitos obrigatórios de representação a cada parcela regional.

Vindo de quem vem não espanta.

Jardim renega o sistema eleitoral que lhe garantiu sucessivas maiorias absolutas. Governou como quis beneficiando de uma eleição que garantia representatividade política e democrática a cada concelho da Região. Todos se sentiam presentes num parlamento regional escolhido entre os cidadãos de cada circunscrição concelhia da Madeira. O Porto Santo tinha assegurados dois deputados próprios (ver capítulo seguinte). Tudo isso foi mudado em prejuízo da representatividade popular. Levando ao caos político tão desejado pelo seu autor, ex-déspota sem dó nem piedade pelos que eram minoritários. Agora, jura estar do seu lado. Até tomar conta disto tudo e mandar silenciar o que mexer.

Tenho para mim que se vai seguir um período de pura perda de tempo com toda a oposição a acusar o PSD de golpe eleitoral. Alberto João (oposição?) já acusou o PSD de querer ganhar na “secretaria”. Em resumo, vai ficar tudo na mesma, ainda que o objectivo seja claramente favorável às populações quanto à representação directa no parlamento.

E é pena. O pacto eleitoral entre todos devia ser na criação de um número de círculos com eleição uninominal. Seria a genuína e perfeita representação directa, obrigando os candidatos a um compromisso real com a população de cada círculo. Não haveria mais lugar à eleição de gente estranha, desconhecida e sem currículo no local.

Registo a preocupação de criarem círculos de compensação que não são mais do que expedientes para meterem no parlamento gente sem votos e sem representação popular. Apenas para dar tacho a profissionais da política que se arrastam nos corredores do poder durante todos estes anos.

Um sistema eleitoral com eleitos em círculo uninominal, teria a aprovação nacional, coisa rara, mesmo única, quando partida da Madeira.

Uma oportunidade para se ser diferente e liderar iniciativa nacional. Não seria aprovada? Não sei. A recuperação da anterior lei eleitoral, mesmo que justa, parece iniciativa que não tem qualquer apoio.

Porto Santo não reclama

É mais do que justificado um protesto oficial da população de Porto Santo, junto do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (?), pela ausência de representação legal e democrática na Assembleia Legislativa da Madeira. Em Portugal existe representatividade política de cada distrito e Região Autónoma na Assembleia da República. Nos Açores cada ilha do arquipélago tem representatividade política, garantida por lei, na Assembleia Legislativa. Na Madeira, ao contrário, a ilha do Porto Santo apenas estará representada na Assembleia Legislativa, por um ou mais deputados, se essa for a vontade dos partidos em colocar seus representantes em lugar elegível.

Isto é, as ilhas portuguesas têm deputados na Assembleia da República. Cada ilha tem deputados na Assembleia Legislativa dos Açores. O Porto Santo não tem esse privilégio na Assembleia Legislativa da Madeira, graças à lei aprovada com a benção política de Alberto João Jardim.

Justiça

Tenho a melhor das opiniões sobre os titulares de cargos políticos envolvidos nesta última “avançada” policial na Madeira. O eleito Carlos Teles merece-me a maior apreciação como autarca. Lamento o aparato policial numa ilha pacífica a conduzir pessoas que sabemos não serem violentas. E inocentes até sentença em contrário. O espetáculo do transporte na via rápida parece ter sido memorável. Felizmente sem acidente. No centro da cidade foi circo.

Faz-me confusão saber que o Ministério Público não propunha prisão preventiva mas os suspeitos estavam detidos e algemados.

Agora seguimos notícias de Lisboa levantando suspeitas sobre secretários regionais e outros responsáveis. Nada de concreto. É o deboche democrático do País onde ninguém acaba por ser responsável seja pelo que for, nem pelas acusações gratuitas que faz. E o Presidente da República consente o que sabe ser um atropelo às regras básicas da democracia e dos direitos dos cidadãos.

Os políticos, no geral, têm medo da justiça. Pode estragar-lhes a vida num ápice. Mas tem de haver uma geração, sem rabos de palha, que endireite esta pouca vergonha das leis que não aceitamos.

Via Rápida

Vão se habituando à ideia que, não daqui a muitos anos, a Via Rápida será uma via urbana com semáforos e sinalizações de prioridade e “stop”. Tudo por deficiente e errada concepção agravada por aumento expectável de tráfego. Vistas curtas dos seus responsáveis. Dinheiro não faltou.

O povo unido voltou

Há um abrir de mão na disciplina pública, outrora tão linear. Os cartazes partidários, alguns de grande dimensão, continuam abusivamente a maltratar a paisagem. É como se esses partidos desprezem a cidade e o campo. Uma vergonha gratuita inadmissível. Se eu quiser publicitar os meus serviços tenho de pagar. Até os cartazes afixados em redor da própria fábrica. Vejam os regulamentos municipais: os cartazes precisam autorização e taxa paga.

Daqui a dias os políticos passam a fazer campanhas publicitárias dissimuladas de “shampoos”, anti-caspas, pintura de cabelos, baton, pasta de dentes, óculos, cremes faciais e outros acessórios de beleza. Os serviços municipais fecham os olhos.