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Incêndios Madeira

Miguel Iglésias afirma que "Pedro Ramos mentiu aos madeirenses"

Deputado socialista à Assembleia da República insiste que ataque inicial ao incêndio do mês passado, na Serra de Água, não foi o adequado, baseando-se nas primeiras audições sobre o tema que hoje arrancaram no parlamento nacional

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Findo o primeiro dia de audições no parlamento nacional, na âmbito da reunião da 1.ª Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, que visava abordar a gestão dos meios de protecção civil no decorrer desse fogo, Miguel Iglésias diz já ser possível constatar que o secretário regional da Saúde e Protecção Civil “mentiu aos madeirenses”, no que respeita ao número de bombeiros prontos a actuar e ao ataque inicial ao fogo.

O deputado socialista à Assembleia da República entende, após ter ouvido o secretário-geral do Sindicato Nacional de Protecção Civil, José Costa Velho, e o presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil, Ricardo Ribeiro, que Pedro Ramos "mentiu" quando disse que havia 750 bombeiros operacionais prontos para actuar, sendo que tal não corresponderia à verdade.

Nos argumentos, salienta o que disse José Costa Velho, que defendeu que esse número nem chegaria a 350; bem como o apontado por Ricardo Ribeiro, no tocante a ser possível outro planeamento dos meios, em particular no ataque inicial ao incêndio.

Os meios empenhados no combate às chamas e a recusa inicial de ajuda externa por parte do Governo Regional foram, aliás, algumas das questões colocadas por Miguel Iglésias, a par das contradições verificadas e das “declarações absolutamente inqualificáveis” de responsáveis políticos na Região, nomeadamente do presidente do Serviço Regional de Protecção Civil, de que não havia ameaça à floresta Laurissilva, que não eram necessários mais meios aéreos ou que não seria possível abastecer meios aéreos como os aviões Canadair na Madeira. "Ninguém compreende como é que logo no dia 15 de Agosto não se pediu reforço dos meios aéreos", condenou.

O deputado eleito pelo PS-Madeira deu também conta da preocupação com o facto de, como confirmado com provas fotográficas, várias cisternas onde o helicóptero de combate aos incêndios poderia abastecer de forma mais rápida, de modo a render mais o seu tempo operacional de voo, estarem destruídas, o que levou a uma diminuição do número de descargas.

Mais meios aéreos

Outro aspecto que se destaca das audições de hoje é a constatação de que o helicóptero disponível na Região poderá não ser o mais adequado para estas situações, tendo mesmo sido recomendado pelo presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil a disponibilização de dois meios aéreos pesados, nomeadamente helicópteros Kamov.

"Nas próximas audições, não apenas com as entidades técnicas que vamos ouvir, mas também com a Autoridade Nacional de Protecção Civil e a ministra da Administração Interna, temos de compreender exactamente o que foi tratado entre os dois Governos e tutelas, de forma precisa e esclarecedora”, apontou Iglésias. 

No decurso dos trabalhos, o parlamentar socialista classificou de “inacreditável” que o Governo Regional se tenha recusado a integrar o Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, em 2020, por não querer cumprir as regras desse mesmo plano, conforme referido pelos dois convocados . "Isto é absolutamente inaceitável e incompreensível", frisou.

Sobre as palavras usadas por MIguel Albuquerque para classificar o combate ao incêndio, apontando-o como um "sucesso", o socialista madeirense diz ser "inacreditável a irresponsabilidade e a continuação em funções dos responsáveis da Protecção Civil regional", rematou