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Madeira

Combate inicial aos incêndios foi “tímido” e devia ter sido “robusto”

Convicção do presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Proteção Civil, na audição conjunta da Assembleia da República

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Ricardo Ribeiro considera que o helicóptero ligeiro não é o ideal para ser utilizado na Madeira, sugerindo, antes, que se usem um meio aéreo pesado nomeadamente os Kamov

O presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Proteção Civil considerou, hoje, no arranque da audição parlamentar, na Assembleia da República, sobre os incêndios na Madeira, que o combate inicial aos fogos foi “tímido”, quando na sua opinião requeria uma intervenção desde logo “robusta”.

Falando perante a comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direito, Liberdades e Garantias, Ricardo Ribeiro considerou que os meios envolvidos no ataque ao fogo na fase inicial – “dois corpos de bombeiros com cinco homens cada e um meio aéreo” – foram poucos, atendendo, até, à previsão meteorológica que tinha sido avançada oportunamente pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Ricardo Ribeiro considerou, entre outras recomendações, que o meio aéreo utilizado na Madeira – helicóptero ligeiro – “não é o mais apropriado” para as características da ilha, defendendo a utilização de um helicóptero Kamov e sugerindo mesmo que a Região devia dispor de dois desses aparelhos.

O presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Proteção Civil apontou, ainda, o facto de haver várias cisternas para abastecimento do helicóptero que se encontravam inoperacionais, o que dificultou as manobras de combate ao incêndio, atrasando-as.

Ricardo Ribeiro considerou, por outro lado, que a Madeira deveria estar incluída no Plano Nacional de Gestão integrada de Fogo Rurais, opinando que isso não acontece por vontade das entidades regionais, apelidando-o de "um erro estratégico", e justificando-o porque "tinham de cumprir uma série de regras, que não cumprem".

Esta audição parlamentar na Assembleia da República resulta de uma iniciativa do PS, tendo hoje, para além de Ricardo Ribeiro, tendo igualmente sido ouvido o secretário geral do Sindicato Nacional de Proteção Civil, José Costa Velho. Que teve uma intervenção menos incisiva sobre os incêndios na Madeira e mais virada para a defesa dos direitos dos bombeiros.

Ainda assim, questionou o número de bombeiros existentes na Madeira, contrariando o que avançou, na altura dos fogos, o secretário regional da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos: "700 bombeiros não tem a ilha da Madeira, se tiver 350 já é bom", disse José Costa Velho, acrescentando que, no que diz respeito à Proteção Civil na Madeira "a concertação social não funciona, o diálogo não funciona", revelando que o sindicato enviou "cinco ou seis cartas ao Governo da Madeira após os incêndios e não recebemos resposta".