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Pelo menos 356 mortos no Líbano em ataques israelitas mais intensos num ano

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Foto EPA

Os intensos ataques do Exército israelita contra o movimento xiita libanês Hezbollah fizeram hoje pelo menos 356 mortos, entre os quais 24 crianças, e mais de 1.240 feridos no sul e leste do Líbano, segundo as autoridades do país.

Tratou-se, de acordo com o Ministério da Saúde libanês, do dia mais mortífero em quase um ano de fogo cruzado entre as duas partes, à margem da guerra de Israel contra o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, em curso há 11 meses e meio.

Fazendo temer uma espiral incontrolável, esta escalada do conflito entre Israel e o poderoso Hezbollah, apoiado pelo Irão, suscita grande preocupação na comunidade internacional.

O número de mortos continua a aumentar a cada hora que passa, apontando o anterior balanço do Ministério da Saúde libanês para 274 mortos e mais de 1.000 feridos.

"É uma catástrofe, um massacre: os ataques não param, bombardearam-nos quando estávamos a retirar os feridos", declarou Jamal Badrane, médico do hospital Secours Populaire de Nabatiye, uma cidade do sul do país, citado pela agência de notícias francesa AFP.

Em pânico, milhares de famílias foram deslocadas das zonas bombardeadas, segundo o Ministério da Saúde, e, ao fim da tarde, os desalojados do sul da cidade afluíam à capital e a Saïda, abrigando-se em centros de acolhimento.

Ao fim da tarde também, o Exército israelita declarou ter atingido 1.300 alvos do Hezbollah nas últimas 24 horas, que dispara 'rockets' contra Israel há quase um ano, em apoio ao Hamas palestiniano, que trava uma guerra contra Israel na Faixa de Gaza, com consequências catastróficas para a população civil daquele território.

"Estamos essencialmente a alvejar as infraestruturas de combate", afirmou o chefe do Estado-Maior do Exército de Israel, o general Herzi Halevi, acrescentando que o Exército está a "preparar-se para as fases seguintes" da operação.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel está a reverter o "equilíbrio de forças" no norte do país, onde está determinado a alcançar condições que permitam o regresso de dezenas de milhares de habitantes deslocados.

O Exército anunciou novos ataques "em grande escala" no vale de Bekaa, um bastião do Hezbollah no leste do Líbano, cujos habitantes, tal como os do sul, foram instados, através de mensagens digitais, a afastar-se de instalações que funcionem como depósitos de armamento do movimento xiita libanês.

O Hezbollah, por seu lado, afirmou ter retaliado com dezenas de 'rockets' disparados para o norte de Israel, precisando que tinham como alvo os "principais paióis" do Exército na zona, bem como um quartel militar.

Ao início da noite, soaram sirenes de alerta em Haifa, o principal porto do norte de Israel, cujos subúrbios foram no domingo atingidos por disparos de 'rockets' pela primeira vez.

O fogo cruzado entre Israel e o Hezbollah - que prometeu continuar a atacar Israel "até ao fim da agressão em Gaza", abrindo uma segunda frente de batalha na região para o Exército israelita - aumentaram de intensidade desde a vaga de explosões simultâneas de equipamentos de comunicação (primeiro, 'pagers' e, depois, 'walkie-talkies'), atribuídas a Israel, que em todo o Líbano fizeram 39 mortos e quase 3.000 feridos, a 17 e 18 de setembro, segundo as autoridades libanesas.

Na sexta-feira, o bombardeamento israelita de um edifício nos subúrbios do sul de Beirute matou 16 membros da força de elite do Hezbollah, incluindo o seu líder, Ibrahim Aqil. O balanço total foram 45 vítimas mortais, incluindo civis, de acordo com as autoridades libanesas.

Trata-se dos piores confrontos entre Israel e o Hezbollah desde a guerra de 2006, que se intensificaram este verão, após um ataque que matou 12 crianças nos Montes Golã, ocupados por Israel desde 1967.

Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.205 pessoas, na maioria civis, incluindo reféns em cativeiro.

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 97 dos quais continuam em cativeiro, 33 dos quais entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.

A guerra, que hoje entrou no 357.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 41.455 mortos (quase 2% da população) e 95.878 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo destes 11 meses e meio de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.

O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.