Liberdade para sentir, imaginar e ser…

Permitam-me falar de três palavras que ouvi muito durante a semana que passou: emoção, imaginação e liberdade. Enquanto seres humanos estas três palavras definem muito o que somos, permitem-nos tocar o invisível, expandir horizontes e definir os limites do possível.

As emoções são o que nos torna reais, palpáveis. São elas que nos ancoram no presente, no agora. Desde a mais efémera alegria até à dor mais profunda, as emoções são o que nos conecta uns aos outros e ao mundo. Não as controlamos totalmente, embora tentemos. Elas falam uma linguagem própria, muitas vezes sem palavras, um código Íntimo que apenas nós sabemos decifrar – e nem sempre o fazemos corretamente.

A imaginação, por outro lado, é o território onde as emoções encontram o seu reflexo criativo. Se as emoções nos dizem o que sentimos, a imaginação revela o que poderia ser. A imaginação permite-nos escapar das amarras do que é concreto e previsível, lançando-nos em viagens de criação, de sonhos e de inovação. Pela imaginação sentimos que somos capazes de transformar o mundo – ou, pelo menos, a nossa perceção dele. Enquanto as emoções habitam o presente, a imaginação é um portal para o futuro e para o impossível.

Sem a imaginação, a liberdade (a palavra que para mim melhor nos devia definir) seria uma palavra vazia, sem substância. Se as emoções são as cores e a imaginação é a tela, a liberdade é o pincel que define a nossa forma de ser e estar. A liberdade, verdadeira e sentida, não é apenas um conceito político ou filosófico; é o espaço interior onde temos a coragem de sentir sem restrições e de imaginar sem limites. Ser livre é abraçar todas as emoções, mesmo aquelas que nos incomodam, e é também deixar a imaginação voar sem medo de falhar. A liberdade reside na nossa capacidade de nos reinventarmos constantemente, de sermos donos do nosso destino, mesmo que esse destino seja incerto e cheio de surpresas. Mas há algo mais profundo nesta relação. A liberdade externa, social e política, muitas vezes nasce da liberdade interna. Movimentos revolucionários, progressos sociais, avanços tecnológicos – todos foram concebidos primeiro no terreno fértil da imaginação. Apenas uma mente livre pode conceber um mundo diferente daquele que existe. Da mesma forma, onde não há liberdade, a imaginação é sufocada e as emoções escondidas. Uma sociedade opressiva é também uma sociedade estéril, incapaz de se emocionar, de criar, de inovar ou sonhar. A mente que não se permite sonhar, que se fecha aos “e se...?”, torna-se árida, fechada, conformada. Ser livre não é apenas um estado fÍsico ou social – é um estado mental. É a disposição de abrir as portas internas e explorar o desconhecido, sem medo do que podemos encontrar.

Assim é importante lembrar da importância de continuarmos a ser emotivos, a reconhecermos as nossas emoções, é importante lembrar que a imaginação não é um luxo, mas uma necessidade humana essencial e ao exercermos a nossa liberdade estamos a afirmar o nosso direito de existir não apenas como corpos, mas como seres conscientes e criativos.

José Augusto de Sousa Martins