Professores precisam-se!
No início de cada letivo o número de alunos sem professores domina as notícias nacionais e ao longo do ano escolar este problema vai perdendo espaço nos noticiários, em parte porque vai sendo resolvido, mas essencialmente porque outras notícias passam a estar na moda.
Depois de um longo período em que as autoridades previam que ia haver um excesso de professores, desaconselhando a escolha dos alunos para o ramo ensino e limitando a abertura de vagas para a formação de professores, chegámos a esta situação em que os formados nos próximos anos não serão suficientes para satisfazer as necessidades dado o número de professores que se irão reformar. Afinal o cenário em que se baseavam em que a demografia levaria a uma quebra de alunos e da necessidade de professores não se veio a verificar porque os professores aposentam-se e alguns abandonam o sistema.
Parece-me que seria bom que nos explicassem o que falhou nas previsões para percebermos que estão a aprender com o passado e que as novas previsões serão mais realistas.
O problema existe e é urgente solucioná-lo. O Governo apresentou propostas de resolução no curto prazo, das quais destaco a contratação de professores aposentados e incentivos a adiar o pedido de reforma entre outros. Parece-me que as condições propostas não são atrativas para termos uma grande oferta por parte dos professores, isto porque para os professores aposentados é proposto o salário em início de carreira o que é uma grande desvalorização em relação à situação em que tinham quando deixaram de trabalhar; é como se um empregador dissesse a um empregado que se fosse aposentar: “se quiseres podes continuar a trabalhar, mas como vais receber uma pensão, eu vou pagar menos pelo teu trabalho”.
Para os professores que estão para se aposentar em breve o subsídio que é proposto, sobre qual vai incidir o IRS, é muito baixo relativamente à pensão que iriam ter e parece-me que a soma do subsídio mais salário é capaz de ser inferior à soma da pensão mais salário inicial que é proposto aos aposentados. Uma medida que me parece fazer sentido era os professores continuarem a receber o seu salário mais a pensão até ao final do ano letivo em que se podem aposentar incentivando, deste modo, que não haja interrupções de serviço docente a meio do ano.
A meu ver o Governo esqueceu o grupo dos mais de 14500 professores que abandonaram a carreira nos últimos 6 anos, muito deles porque se sentirem desiludidos com uma carreira cada vez mais burocratizada, injusta e menos centrada no processo ensino-aprendizagem. Alguns destes professores estarão, por certo, disponíveis para regressar se sentirem que existe da parte da tutela um real empenhamento em tornar a carreira atrativa a quem sente que a sua missão é ajudar os jovens a desenvolverem todas as suas capacidades.
Os desiludidos voltarem a acreditar no sistema será o primeiro passo para que mais jovens escolham ser professores e sintam orgulho na sua escolha.