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González Urrutia nega pressões de Espanha para deixar Caracas

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O político e dirigente da oposição ao regime venezuelano Edmundo González Urrutia nega qualquer pressão de Espanha para deixar a Venezuela e exilar-se em Madrid, foi hoje divulgado.

"Não fui coagido nem pelo Governo de Espanha nem pelo embaixador espanhol na Venezuela", escreveu González Urrutia, num comunicado divulgado na rede social X pelo ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Madrid, Jose Manuel Albares.

González Urrutia garantiu que as "gestões diplomáticas" feitas por Espanha tiveram como único objetivo facilitar a sua saída em segurança da Venezuela, nomeadamente, a deslocação entre a embaixada espanhola, onde estava refugiado, e o aeroporto em Caracas onde um avião militar espanhol o foi buscar para o transportar para Madrid no início deste mês.

Espanha atuou "sem exercer qualquer tipo de pressão" e "assegurando em permanência" o "bem-estar e liberdade de decisão", escreveu o candidato da oposição ao regime de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de julho, alvo de mandados de detenção na Venezuela por reivindicar a vitória nas votações.

Edmundo González Urrutia fez este esclarecimento depois de ter dito, na quarta-feira, que para poder abandonar a Venezuela foi coagido a assinar um documento reconhecendo os resultados oficiais das eleições, que dão a vitória a Nicolás Maduro, mas são contestados pela oposição e por parte da comunidade internacional.

"Enquanto me encontrava na residência do embaixador de Espanha, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, e a vice-presidente da República, Delcy Rodríguez, apresentaram-me um documento que tinha de assinar para poder sair do país", explicou, num vídeo divulgado nas redes sociais.

Esta declaração de González Urrutia seguiu-se à divulgação de imagens, por parte do regime de Maduro, do candidato da oposição a assinar o documento em causa na Embaixada de Espanha, na presença de Jorge e Delcy Rodríguez, mas também do próprio embaixador espanhol.

Tanto a declaração de González Urrutia como as imagens geraram polémica em Espanha, com a oposição de direita a acusar o Governo do socialista Pedro Sánchez de estar alinhado com Maduro e de ter pactuado com as coações de que foi alvo o candidato da oposição.

"Em nenhuma circunstância é tolerável a coação de um representante legítimo de um povo soberano numa embaixada espanhola. O embaixador na Venezuela deve ser substituído. O ministro dos Negócios Estrangeiros deve demitir-se. E o primeiro-ministro deve dar explicações imediatas", defendeu o líder do Partido Popular (PP, direita), Alberto Núñez Feijóo.

Outro dirigente do PP, Esteban González Pons, considerou mesmo o Governo espanhol cúmplice da manutenção no poder de Maduro, que qualificou como ditador.

O MNE espanhol agradeceu hoje a González Urrutia o comunicado em que nega coações por parte da Espanha e "por defender a verdade face às calúnias e injúrias".

"Espanha está comprometida com a democracia e os direitos humanos", garantiu Albares, numa publicação na rede social X.

Numa entrevista hoje de manhã à televisão pública espanhola (TVE), Albares lamentou ainda que o PP tenha obrigado González Urrutia a publicar um comunicado com um esclarecimento.

A direita espanhola tem também questionado o papel do antigo primeiro-ministro de Espanha Jose Rodríguez Zapatero, também socialista, que mantém boas relações com o regime de Maduro, mas também com dirigentes da oposição, havendo várias fontes a sublinhar que funcionou como mediador para a saída de González Urrutia da Venezuela.

Zapatero não se pronunciou até agora sobre as eleições na Venezuela, onde acompanhou o processo eleitoral a convite das autoridades locais, e também não falou sobre a situação no país depois de anunciados os resultados oficiais.

O Governo espanhol também tem recusado fazer comentários sobre Zapatero.

Espanha, como todos os países da União Europeia (UE), não reconheceu a vitória de Maduro nas eleições de julho e pediu que sejam publicadas as atas das votações de todas as mesas de voto.

O Governo de Sánchez tem garantido, por outro lado, que a retirada de González Urrutia de Caracas correspondeu a um pedido do próprio e que não houve qualquer negociação com o executivo venezuelano.

Segundo Madrid, os contactos entre os dois governos limitaram-se a abordar questões logísticas para garantir a deslocação, em segurança, de González Urrutia entre a embaixada de Espanha e o aeroporto de onde saiu para o exílio em Espanha.