A Câmara Municipal do Funchal e os ratos…
Um dia destes li que os comerciantes do Funchal se queixavam que o Funchal estava cheio de ratos, cheio de baratas e outra bicharada que demonstra falta de higiene e de cuidados de limpeza. A Presidente da Camara respondeu que o Município gastava fortunas em raticida e de inseticida para combater essas pragas. Perante estas duas realidades: A Camara Municipal do Funchal gasta dinheiro com iscos envenenados e toneladas de inseticidas para matar, respetivamente, os ratos e as baratas e os comerciantes queixam-se de pouco resultado.
Ambos têm razão, uns gastam o dinheiro, mal gasto, outros continuam com a bicharada a invadir os estabelecimentos comerciais.
Vejamos o que se passa. É frequente ver placas a anunciar “zona em desratização”, mas uma zona muito limitada que depois e desinfestada aparecem os ratos das ruas vizinhas que retomam o lugar dos ratos mortos. Pelos vistos a Camara não tem ninguém que perceba dessa bicharada. O povo diz que “quem mata um rato em Abril, mata mil”, ou seja a Camara faz a desinfestação de maneira errada, distribui o raticida ao longo de todo o ano, quando deveria ser mais concentrada na época em que aquela espécie se multiplica mais intensamente, deixando os arredores dessa zona, livre de raticida, que reinfestam a zona recentemente desinfestada.
A distribuição deve ser feita de forma seguida, ou seja, começar em São Gonçalo, no princípio do mês de Abril e aplicar nas freguesias confinantes até chegar a São Martinho. Melhor seria se fizessem uma aplicação conjugada com o Município de Santa Cruz e com o de Camara de Lobos. Cerca de um mês depois deveriam repetir esta operação com o intuito de matar alguns ratos que tivessem escapado à primeira desratização, antes que se multipliquem novamente. No ano seguinte esta dupla operação deveria ser repetida.
Quanto à desinfeção das baratas, também é preciso conhecer o ciclo de vida deste inseto. Como é sabido as baratas multiplicam-se por ovos. Assim sendo quando a Camara faz a aplicação do inseticida, mata apenas as baratas jovens e adultas e deixa os ovos evoluíram o processo de multiplicação. Aparentemente dá-se uma baixa no aparecimento desses insetos e vão reaparecendo à medida que os ovos vão eclodindo e mal chegam a adultos iniciam a postura dos ovos. Ora o tempo de gestação da barata é de cerca de 21 dias, logo deve fazer um segundo tratamento três semanas após o primeiro tratamento para matar as baratas antes que sejam adultas e iniciem o processo de multiplicação. Por uma questão de segurança deverá fazer um terceiro tratamento.
Se a Camara Municipal fizer um tratamento por mês, é o mesmo que deitar dinheiro fora.
Isto que escrevi para a Camara Municipal do Funchal, aplica-se a todos os Municípios da Região Autónoma da Madeira. Acho também que pelo menos a Camara Municipal do Funchal deveria ter alguém licenciado em biologia, nos seus quadros para tratar deste assunto e livrar os funchalenses do incómodo, pelo menos destas duas pragas, provocado pelo seu aparecimento.
Nos Municípios mais pequenos deveria haver um biólogo contratado em “ part time” ou a recibo verde, de modo a dar apoio e fazer alguma investigação sobre o assunto.
A distribuição de raticida é utilizada para a propaganda política, pois tanto o Governo, como os Municípios aproveitam essa medida para dizerem aos agricultores que não estão a cumprir o seu dever, mas a fazer um grande favor à comunidade, quando na realidade não passa de um dever de proteger a população e as suas culturas contra essa praga, para além da parte sanitária, pois, toda a gente sabe que esses animais são grandes transmissores de doenças.
É frequente vermos anúncios, tanto de Municípios, como do Governo em que vão fazer distribuição de raticida em épocas impróprias para começar uma campanha, que deveria, normalmente, começar em inícios do mês de Abril e em vez de distribuição, deveriam fazer a sua aplocação diretamente para os terrenos agrícolas e nas zonas urbanas, de cordo com o que dissemos atrás.
Claro que falar de ratos, traz-nos à memória, outro tipo de ratazanas, mais difícil de combater e que provocam danos muito maiores nos cofres dos organismos públicos….