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A Guerra Mundo

Rússia acusa Parlamento Europeu de criar condições para guerra nuclear

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Foto EPA

O presidente do parlamento russo (Duma) acusou hoje o Parlamento Europeu de criar condições para uma guerra nuclear ao instar os países do continente a autorizar a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance contra alvos na Rússia.

"Hoje, o Parlamento Europeu apelou aos países da União Europeia para levantarem as restrições aos ataques de Kiev com armamento de longo alcance contra o nosso país, aumentarem o apoio militar à Ucrânia e angariarem fundos entre a população para o Exército ucraniano. Aquilo a que estes apelos conduzem é a uma guerra mundial com armas nucleares", escreveu Viacheslav Volodin na plataforma digital Telegram.

Volodin, um reconhecido falcão na política russa, afirmou que, se for aprovada a utilização desse tipo de armamento, "a Rússia responderá com armas muito mais potentes".

"Que ninguém tenha ilusões em relação a tal. A Duma russa insiste nisso", sublinhou.

O líder da Duma atacou também os eurodeputados ao perguntar se estes consultaram os seus eleitores antes de tomar essa decisão e expressou dúvidas de que os cidadãos europeus queiram que a guerra lhes bata à porta.

"Antes de tomarem uma decisão como esta, deveriam ter recordado as lições da Segunda Guerra Mundial. Na altura, 27 milhões de cidadãos soviéticos morreram a lutar contra o fascismo", indicou, sustentando que, após uma decisão como a de hoje, o Parlamento Europeu "deveria dissolver-se".

Para rematar e esclarecer qualquer dúvida, Volodin lembrou que "o tempo de voo de um míssil [intercontinental] Sarmat até Estrasburgo (sede do Parlamento Europeu, em França) é de três minutos e 20 segundos".

O órgão parlamentar da União Europeia (UE) instou hoje os 27 Estados-membros a permitirem à Ucrânia usar as armas que lhe enviaram, no âmbito da ajuda contra a invasão russa, para atacar "alvos militares legítimos" em território da Rússia.

Uma resolução aprovada com 425 votos a favor, 131 contra e 63 abstenções exige que os Estados-membros da UE "levantem imediatamente todas as restrições ao uso dos sistemas de armamento ocidentais fornecidos à Ucrânia contra alvos militares legítimos em território russo".

Na semana passada, o Presidente russo, Vladimir Putin, avisou que se a NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) autorizar a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance contra alvos em território russo, tal significa que estará em guerra com a Rússia e que esta adotará as medidas correspondentes.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.

Nas últimas semanas, as tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguiram o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região fronteiriça de Kursk.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.