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Envelhecimento ativo: a revolução que ainda não aconteceu

O envelhecimento não é apenas uma questão de tempo; é uma questão de escolhas. Na Madeira, como em muitas outras regiões, continuamos presos a uma visão antiquada sobre o envelhecer, onde a terceira idade é sinónimo de passividade, dependência e, frequentemente, isolamento. Mas será que estamos dispostos a aceitar este destino ou devemos exigir mais? A verdade é que a revolução do envelhecimento ativo ainda não chegou de forma impactante. E porquê? Porque, como sociedade, não estamos preparados para enfrentar o envelhecimento com a dignidade e o respeito que o mesmo merece.

Envelhecimento ativo não é um conceito novo. Promover a saúde, participação e segurança entre os mais velhos deveria ser o nosso objetivo primordial. Contudo, temos visto pouca ação e “muita conversa”. A sociedade insiste em tratar o envelhecimento como uma fase de estagnação e passividade. Precisamos de mais programas estruturados para manter os idosos fisicamente ativos! Precisamos de mais iniciativas que promovam o envolvimento social e a aprendizagem contínua! São estes os pontos que precisamos de refletir.

Como profissional de saúde, testemunho diariamente os impactos de uma abordagem não preparada. A prevenção das doenças crónicas e a manutenção de uma vida saudável não podem ser colocadas de lado, e esta responsabilidade não é só da pessoa, mas também da sociedade no geral. Precisamos de estruturas adequadas, programas comunitários que incentivem a autonomia e, acima de tudo, de um discurso que valorize a idade. Se o envelhecimento é inevitável, porque não transformá-lo numa fase mais rica e ativa de vida? Querem um exemplo, Espanha!

Está na hora de mudarmos a forma como perspetivamos a velhice. Chega de tratar os nossos idosos como meros passageiros de uma viagem sem retorno. A revolução do envelhecimento ativo deve ser uma prioridade – e não apenas nas palavras, mas nas ações concretas que implementamos. Porque o futuro, quer queiramos ou não, pertence a todos, inclusive aos mais velhos.