Turismo (II)

Quando o turista chega ao destino e durante a sua estadia confronta-se com situações

que não as que foram antes descritas nos referidos guias, as suas experiências serão motivo de insatisfação, porque estão em conflito com o que assumiram seriam os atributos característicos do destino.

Num tempo em que as redes sociais são rápidas na disseminação de informação, a que está associada a imagem (vale mais que mil palavras) muito dela ainda quando decorre o(s) evento(s), essa informação vai circulando e o destino estará sendo rotulado positiva ou negativamente, o que terá influência sobre potenciais turistas que planeiam visitar o destino.

O estudo da Marktest 2024, Turismo e Redes Sociais e a avaliação dos impactos que

as redes sociais têm no turismo: indicam que 38% entende que as publicações sobre turismo tendem a sobrestimar a atração dos destinos turísticos, enquanto 33% acha que elas são fiéis à atração desses destinos, 8.6% considera que subestimam essa

atração e 19.8% não tem opinião.

Dois em cada três inquiridos consideram que as redes sociais têm um efeito positivo na forma como se viaja e experimentam destinos turísticos. Pelo contrário, 6.2%

entendem que esse efeito é negativo e 25% que as redes sociais têm um efeito neutro.

Alguns dos comentários, nas redes sociais (reddit.com), de turistas, referem que os

principais percursos em levadas ou pontos turísticos estão muitos congestionados, o que não possibilita, sequer, uma foto, em que haja ausência de multidão:

“A maioria das caminhadas populares na Madeira são utilizadas como toilet. Se for a

um trilho popular, verá provas atrás de paredes, rochas, grutas, etc…”.

“Grande parte da Madeira é um buraco infernal embalado no Instagrammer.”

“A Europa está cheia de destinos de caminhada. O principal benefício da Madeira é

que é barato e o tempo é bom durante a maior parte do ano.”

Jorge Capelo, ecólogo e botânico, na sua reflexão, sobre a Floresta Laurissilva: “É que percorrer a frondosa Laurissilva da Madeira sob tis, loureiros, barbuzanos, urzes gigantes e vistosas plantas floridas, através das levadas, é uma experiência de fruição sensorial, estética e espiritual com poucos equivalentes no mundo.

E é para poder passear nesta floresta que uma parte muito grande dos turistas visita a

Madeira. É para fruir da Laurissilva. As levadas e veredas de montanha têm verdadeiros engarrafamentos de caminhantes quase no ano inteiro. E os caminhantes fascinados deixam muitos milhões de euros anualmente na região, nos restaurantes, nos hotéis, nas empresas de turismo. Que deviam os turistas pagar taxas maiores por este usufruto, em função da pressão que representam sobre o recurso, é uma outra questão; mas certo é que, direta ou indiretamente, a contribuição da Laurissilva para a economia da Madeira é mesmo de muitos, mas muitos, milhões.” (Público, 20 Ago)

João Freitas