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Candidato da oposição exilado denuncia coação para reconhecer vitória de Maduro

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FOTO Miguel Gutierrez/EPA

O candidato presidencial da oposição venezuelana, Edmundo González Urrutia, disse hoje que para poder abandonar Venezuela para Espanha foi coagido a assinar um documento reconhecendo os resultados oficiais das eleições de julho que davam a vitória a Nicolás Maduro.

"Enquanto me encontrava na residência do embaixador de Espanha, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, e a vice-presidente da República, Delcy Rodríguez, apresentaram-se um documento que tinha de assinar para poder sair do país", explica num vídeo divulgado nas redes sociais.

A divulgação do vídeo tem lugar depois de o presidente do parlamento, Jorge Rodríguez, apresentar, numa conferência de imprensa em Caracas, uma carta alegadamente assinada de "maneira voluntária" por Edmundo González Urrutia, reconhecendo uma sentença do Supremo Tribunal de Justiça que ratificou Nicolás Maduro como vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho.

Jorge Rodríguez apresentou ainda várias fotos de uma reunião com Edmundo González, quando estava na residência da Embaixada de Espanha em Caracas, antes de lhe ser outorgado um salvo-conduto para viajar para Madrid.

No vídeo, Edmundo González Urrutia, adianta que "ou assinava ou enfrentava as consequências", e sublinha que "um documento produzido sob coação está viciado de nulidade absoluta devido a um grave vício de consentimento".

O político afirma que "o regime quer que todos os venezuelanos percam a esperança", mas que "o mundo inteiro sabe que eles recorrem sempre ao jogo sujo, à chantagem e à manipulação".

"Foram horas muito tensas de coação, chantagem e impressões (...). Nesses momentos, considerei que podia ser mais útil livre do que preso e impossibilitado de cumprir tarefas", adiantou.

"Como presidente eleito por milhões e milhões de venezuelanos que votaram por uma mudança, pela democracia e pela paz, não me vão calar. Jamais os trairei. Todas e cada uma das pessoas com quem falei hoje sabem disso", afirma.

Refere ainda que a comunidade internacional continua a reforçar o seu apoio à vontade soberana do povo venezuelano.

"Deveriam estar a divulgar as atas de escrutínio. A verdade é a que é e está no que estão a tentar esconder. Não vão calar um país que já falou. Milhões de venezuelanos têm a vontade de uma mudança e eu vou cumprir esse mandato", conclui.

Edmundo González Urrutia chegou domingo a Madrid num avião da Força Aérea espanhola para pedir asilo político, depois de ter denunciado a fraude nas eleições presidenciais venezuelanas.

A Venezuela realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Nicolás Maduro com pouco mais de 51% dos votos. A oposição venezuelana contesta os dados oficiais e alega que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia -- atualmente exilado em Espanha -, obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.

Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.