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Retirar vacinação dos mais idosos das farmácias deve-se a "questões de logística"

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A DGS esclareceu hoje que a exclusão da vacinação das farmácias a pessoas com 85 anos ou mais deve-se a "questões de logística" face à disponibilidade de vacinas contra a gripe de dose elevada e número de postos.

"De acordo com o número de doses de vacina de dose elevada disponibilizado, e o número de pontos de vacinação existentes (cerca de 3.000), por questões logísticas optou-se pela concentração da vacinação nas unidades de saúde, permitindo que cada uma destas unidades disponha de um maior número de doses para responder à procura esperada", explicou à agência Lusa a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Em resposta enviada à Lusa, a entidade lembrou que para a campanha de vacinação sazonal outono-inverno 2024-2025, que se inicia na sexta-feira, "foram adquiridas cerca de 360 mil vacinas de dose elevada, suficientes para responder à procura esperada".

"Do ponto de vista de segurança, a vacina de dose elevada pode ser administrada nos contextos de serviços de saúde, bem como de farmácia", salientou a DGS, acrescentado que fará uma avaliação pública da campanha "com o rigor técnico e transparência que a definem, de forma a realizar eventuais melhorias que possam ser consideradas para o efeito".

Hoje, o ex-ministro da Saúde Manuel Pizarro apelou ao Governo que revertesse a decisão de excluir da vacinação das farmácias as pessoas com 85 anos ou mais, que considerou "um erro" e uma discriminação que põe em causa a saúde pública.

Num artigo publicado no jornal Público, Manuel Pizarro considerou que a alteração introduzida na campanha de vacinação deste ano de retirar das farmácias as pessoas com 85 anos ou mais, que terão de se vacinar nos centros de saúde, é "uma discriminação incompreensível".

"Mudar só por mudar, ainda mais sem qualquer evidência técnica, não serve o interesse público. Na saúde pode mesmo representar um sério retrocesso, como mostra a paralisia do processo de contratação de médicos, após a alteração abrupta e escusada das regras dos concursos", escreve o ex-governante.

A campanha de vacinação sazonal do outono-inverno de 2024-2025 começa na sexta-feira e, este ano, nas farmácias comunitárias é recomendada a vacinação para utentes entre 60 e 84 anos de idade.

Este ano, a vacinação contra a gripe com dose reforçada é alargada às pessoas com 85 ou mais anos de idade - para além das pessoas residentes em lares e na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) -, mas estes utentes terão de ser vacinados nos centros de saúde.

No artigo, Manuel Pizarro sublinhou que a vacinação é essencial na defesa da saúde pública e, no caso da gripe e da covid-19, "permite proteger os mais vulneráveis, em especial pessoas com mais idade ou que sofrem de doenças que diminuem as defesas imunitárias".

"Importa facilitar o acesso às vacinas e estimular a adesão por parte das populações", escreveu Manuel Pizarro, que no final do artigo apelou ao Ministério da Saúde para que "não exclua da vacinação nas farmácias os mais idosos".

A decisão de retirar das farmácias a vacinação das pessoas com 85 aos ou mais já tinha merecido críticas da Ordem dos Farmacêuticos (OF), que considerou que "seria benéfico" continuar a permitir a vacinação desta população nas farmácias comunitárias.

A OF considerou igualmente que a alteração poderá ser "uma complexidade adicional" para a população e para o processo de vacinação.

Em declarações à agência Lusa depois de anunciada a campanha de vacinação, a diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, explicou que a intenção das autoridades de saúde com esta alteração é "minimizar idas da população aos centros de saúde", aproveitando as consultas de rotina.

Rita Sá Machado disse ainda que a DGS irá reavaliar a campanha de vacinação para "ver que metodologia será utilizada no próximo ano".

O Governo vai gastar 7,6 milhões de euros com a vacinação contra a covid-19 e a gripe nas farmácias e quer ter mais pessoas vacinadas até ao final de novembro.