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Madeira

Dois arguidos da rede de droga com carros de luxo ouvidos hoje em Tribunal

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Na continuação do julgamento de uma das mais complexas redes de tráfico de droga da Madeira, associada a carros de luxo, foram ouvidos, esta quarta-feira, dois arguidos. Um terceiro deverá ser ouvido na parte da tarde.

Perante o colectivo de juizes presidido por Joana Dias, um dos empresários de uma das empresas associada ao caso garantiu que "não necessitava de terceiros para exercer a actividade", pois tudo o que vendia investia na empresa, nomeadamente os carros topo de gama.

O empresário, que assumiu que se financiava com as suas próprias vendas, alegou que não tinha um espaço físico para tantas viaturas, motivo pelo qual teria os seus carros no stand de automóveis cujo proprietário é um dos suspeitos de  branquear verbas provenientes de drogas sintéticas através da compra de carros de luxo.

Garantiu nada ter a ver com esta situação e afirmou que todos os mal-entendidos foram resolvidos.

Outro dos arguidos começou por pedir desculpa ao Tribunal por ter vendido 'bloom'.

Explicou que começou a consumir Alpha PHP em 2019 e disse que se dedicava à compra e venda de 'bloom' há cerca de três anos.

"Eu ia buscar a droga e entregar a outras pessoas. Fui intermediário mas não ganhei nada com isso, apenas ajudei quem me vendia e fiz a ponte de um lado para outro", afirmou, dando conta de que já tinha clientes habituais e que vendia por norma meia grama a 40 euros.

De início recusou dizer o nome das pessoas a quem vendeu a droga, garantindo que foi ameaçado através de uma carta que recebeu na cadeia, enquanto segurava a mesma na mão perante o colectivo de juizes.

"Escreveram que se eu falasse no nome deles no julgamento iam arranjar forma de me lixar", disse.

Depois acabou por revelar os nomes dos dois indivíduos a quem vendeu a referida droga.

Tal como o DIÁRIO noticiou a 12 de Setembro último, o processo conta com 25 arguidos- quatro empresas e 21 cidadãos, sete em prisão preventiva e dois em prisão domiciliária.

Na primeira audiência de julgamento faltaram oito dos 25 arguidos (quatro na condição de representantes legais de empresas), depois da mesma ter sido adiada quatro vezes devido à greve dos funcionários judiciais.

O antigo guarda-prisional que na altura da detenção exercia a profissão de pintor de automóveis foi o primeiro a mostrar interesse em falar na ausência dos restantes indiciados. Quatro dos arguidos aceitaram ser interrogados.

Como foi avançado, esta investigação conjunta entre a Polícia Judiciária e a Polícia de Segurança Pública culminou com diversas apreensões de droga entre Outubro de 2020 e Maio de 2023. O suposto cabecilha, um homem na casa dos 40 anos, é acusado de 'lavar' uma fortuna oriunda do tráfico de bloom em stands de venda de carros, contando com a colaboração de um empresário do ramo.

Foram apreendidas 10 viaturas de luxo, sendo que num dos carros estavam escondidos 293 mil euros.