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Pela nossa Segurança

O Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia foi ativado tardiamente?

Passados mais de 15 dias sobre o fim dos incêndios que assolaram a Madeira, pouco, ou nada, de novo se soube sobre as circunstâncias e a gestão dos mesmos, excepto que o fogo, afinal e ao contrário das certezas de alguns, não foi posto, mas sim jogado, e por pessoa já devidamente identificada.

O essencial está, no entanto, por apurar. Nomeadamente:

Se o ataque ao foco inicial do incêndio – de dimensões “modestas” e em local, aparentemente, acessível – foi adequado e competente?

Por que motivo o plano regional de emergência de proteção civil não foi imediatamente ativado e os meios disponíveis não foram totalmente mobilizados e utilizados?

A influência do vento na propagação das chamas foi devidamente avaliada e prevenida, através dos meios e ferramentas disponíveis?

Foi seguido o Manual de Combate aos Incêndios Florestais para Equipas de Primeira Intervenção, nomeadamente, através da abertura imediata de faixas de contenção de fogo?

A recusa inicial do apoio da República foi justificada?

O Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia foi ativado tardiamente?

Os aviões Canadair poderiam ter intervindo em momento anterior?

A recusa da RAM de integrar o Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais foi justificada e acertada?

O que se aprendeu com os incêndios das últimas décadas e que medidas e investimentos foram adoptados para prevenir situações semelhantes?

Que medidas propostas pela Secção Regional da Madeira da Ordem do Engenheiros no ano de 2016 foram adotadas?

Que trabalho é feito regularmente para limpar as zonas altas e reduzir a matéria combustível?

Sabe-se que há quem não esteja interessado em debater e esclarecer estas matérias, nomeadamente, os partidos que sustentam o Governo Regional (ou seja, o CDS, o PAN e o CH), bem como quem prefira enaltecer os “sucessos” e os “óptimos” resultados que foram obtidos no combate aos incêndios de Agosto.

Sucede que, nesta, como noutras matérias, os interesses políticos imediatos de alguns não podem prevalecer. Até porque, mais do que apurar responsabilidades políticas – algumas delas evidentes, objectivas e incontornáveis –, importa perceber e definir o que pode e deve ser feito e corrigido para prevenir situações semelhantes e minimizar as respectivas consequências.

Se é verdade que não é possível anular, por completo, a possibilidade de ocorrência de incêndios, também é verdade que, se continuarmos a confiar apenas na “experiência” – que, sendo importante, não constitui, propriamente, um atestado de competência – e na sorte, a Madeira continuará a arder ano após ano e ciclicamente.

E por muito que se tente minimizar ou camuflar as respectivas consequências, as mesmas serão (e são) devastadoras e, nalguns casos, irreversíveis a curto, médio e longo prazo.