É a inquietação que nos leva à (legítima) indignação

O que somos nós enquanto políticos, gestores, médicos, professores, etc, etc..?

Somos simplesmente bons ou maus no que fazemos. Não, por Natureza, mas por construção. A partir do momento em que abraçamos uma profissão ou ocupação passamos a ser bons, muito bons, maus ou péssimos, consoante o nosso desempenho, escrutinados ao ínfimo pormenor pela sociedade em geral mas, sobretudo, pelo e no meio em que desenvolvemos a nossa actividade.

Parte-se do princípio de que pessoas (políticos, em específico) com currículo académico e profissional, experiência de vida e honestidade intelectual pautem o seu código de conduta distante de discursos imoderados, com nuances de interpretações subjectivas, ambiguidades e agressividade que só contribui para confusões. O vale tudo provoca incomodativa vergonha alheia. Quanto menos talento mais orgulhosos, vaidosos e arrogantes são.

Há gente séria, mas o que vemos em abundância é comilança, viagens, mordomias à conta do Estado (que somos nós), favorzinhos, etc.

Perde-se muito tempo em diagnósticos já velhos, críticas, lamentos e ataques pessoais em detrimento de respostas céleres a problemas sérios que não se resolvem com discussões acaloradas e inúteis, mero “show of” para colecção de vídeos e álbuns fotográficos.

Não se tente “dourar a pílula “quando se tem (?) a consciência que problemas graves crónicos persistem prejudicando a qualidade de vida de todos nós, enquanto comunidade. Não se diga que tudo corre bem quando há provas irrefutáveis de incapacidade de resolução ou procura de soluções viáveis, seja por falta de vontade ou porque somos peritos na inversão de prioridades.

Coesão territorial significa tratar diferente o que é diferente. E as nossas diferenças são abissais, nos mais variados aspectos. Os cidadãos têm o direito de ter serviços públicos de qualidade, com capacidade de resposta em tempo útil. Atente-se, a título de exemplo, no incidente em que esteve envolvido o Sr. Secretário da Saúde, há alguns dias a esta parte.

As palavras vão servindo para o momento mas convirá, talvez, não ignorar que “debaixo do borralho há fogo que arde em silêncio “e quando menos se esperar poderá soar o grito de alerta que “o rei vai nu”.

É que “não há mal que sempre dure....”

Madalena Castro