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Fact Check Madeira

A festa de casamento no Fanal foi autorizada pelo Instituto de Florestas?

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O Fanal é para muitos um local icónico, arrebatador, obrigatório para quem visita a Madeira. Um paraíso para os madeirenses. Uma paisagem deslumbrante integrada em pleno coração da Floresta Laurissilva. Um património da UNESCO, galardão atribuído em 1999. Um “tesouro sagrado e protegido”, conforme se poderá ler no portal de promoção da Madeira.

Um palco natural igualmente perfeito para enquadramentos de sessões fotográficas ou cenários para a realização de vídeos ou filmagens hollywoodesca como a de ‘Acolita’ da série do universo, Star Wars que acrescentou muitos mais visitantes. É conhecido pelo seu bosque centenário de tis, um espaço privilegiado para contactar com a exuberância das espécies endémicas.

O espaço tem ganho fama e torna o ex-libris num postal raro no qual todos querem ter um pedacinho. A escolha é múltipla, faça sol ou faça aquele nevoeiro tão característico que torna a imagem mais especial. Única. 

Parece ser consensual que dali certamente existirão lembranças inesquecíveis. Acontecimentos que o tempo jamais apagará. Pedidos de casamento, anúncios de gravidezes esperadas, casamentos e até comícios partidários. Tudo porque o cenário idílico faz alimentar sonhos e o local é amplo. 

Em resumo: o Fanal é um local ideal para usufruir de momentos de contemplação e relaxamento — esta zona é, aliás, classificada de “Reserva de Repouso e Silêncio” pelo Parque Natural da Madeira.  

Bom, tanta lenga-lenga para chegar à controvérsia que incendeia as redes sociais. Nas últimas horas um vídeo de uma festa de casamento que foi posto a circular em diferentes plataformas e onde se denuncia a realização de uma boda no Fanal. Terá sido este fim-de-semana na zona do Fanal, em plena Floresta Laurissilva.

Antes de tudo só fica incrédulo quem ali não vive porque os moradores da freguesia da Ribeira da Janela dizem-nos já terem visto um pouco de tudo. Até há quem recorde com saudosismo a festa partidária que aconteceu nos anos 90 quando esse partido entendeu promover a iniciativa anualmente pelos municípios. Mas a festa do PSD-M terá dado ‘zebra’ porque “foi um dia que choveu e a coisa não correu bem”, tal como foi no Paul da Serra ou na Fonte do Bispo, observa quem tem memória fresca.

Casamento.

As provas que circulam na net e as manifestações que entretanto surgiram confirmam que o Fanal foi o local escolhido para a realização de um matrimónio. 

De imediato as críticas surgiram e com questões ligadas ao licenciamento do evento que contou com uma tenda gigante montada no perímetro mas também apelando ao respeito e à salvaguardada do património ambiental. Com menos apoiantes estão aqueles cujas manifestações de apoio e que os protestos não passam de sentimento de “inveja”.

Outros ainda divulgaram fotografias onde é possível ver lixo espalhado pelo recinto. O cidadão Miguel Tristão Teixeira chegou a revelar a situação encontrada “é a prova evidente que estamos à deriva, que estamos sem Governo”, acrescentando que este “assunto não pode ficar impune e tem de ter consequências das mais firmes que alguma vez a Secretária do Ambiente teve”.

Imperdoável, os partidos políticos todos tem que se pronunciar sobre este caso, queremos saber exactamente qual as suas posições. Sem perdão isto tem de ter consequências nem mais um passo nesta contínua falta de respeito pelo ambiente, pela fauna, e sobretudo pela nossa Laurissilva o nosso maior património.

Segundo se apurou o Instituto de Florestas e Conservação da Natureza tinha conhecimento da realização da celebração da festa, logo se tinha terá anuído. Também se sabe que não é a primeira que ali aconteceu um casamento, embora sem festa ou pelo menos sem tamanha logística. Ou seja, com tenda gigante e com montagem de colunas de som. O acontecimento ter-se-á prolongado pela madrugada.

No site do IFCN é possível efectuar diverso tipo de pedidos de autorizações ou licenciamentos não sendo para já - porque a secretária regional de Agricultura, Pescas e Ambiente não respondeu em tempo útil do fecho desta peça - possível clarificar qual o enquadramento para autorizar este evento social nem mesmo saber se a tutela terá exigido contrapartidas.

Lixo

Ainda de acordo com Miguel Tristão Teixeira, "um dos carros da empresa que montou o evento às 2,30 da madrugada despistou-se depois de ter arrancado alguns pins da estrada e ter partido algumas dezenas de urzes e folhados. A limpeza era obrigatória até ao dia de hoje, a esta hora 13h30, ninguém estava no local para o fazer", fazendo referência a "vidros de copos e garrafas partidas por todo o lado".

Convidados.

Entre os convidados, destaque para alguns autarcas da localidade, com mais notariedade esteve o presidente da edilidade do Porto Moniz, Emanuel Câmara, ou ainda a própria vereadora. Também não passou despercebida a presidente da Junta de Freguesia da Ribeira da Janela que se juntou aos convidados.

Entretanto o primeiro partido a se manifestar publicamente contra este tipo de eventos no domínio da reserva mundial foi precisamente o PPM considerando “desolador” e “chocante” de imagens de lixo que foi deixado após a festa.

De acordo com testemunhas que se deslocaram ao local hoje, pelas 13h00, ainda havia sinais de que a festa foi rija. Tanto que a limpeza que deveria ter sido assegurada pelos organizadores não tinha sido feita até à hora do almoço, num evento que durou até às 2h00. Ainda segundo constata, uma carrinha da empresa organizadora terá sofrido um acidente (capotamento), desconhecendo-se as consequências do mesmo.

A festa de casamento no Fanal foi autorizada pelo Instituto de Florestas?