Pessoas que menstruam ou a imposição do politicamente correcto!
Segundo as estimativas mais recentes a população mundial ronda os 8,2 mil milhões de pessoas, o que significa que cerca de metade são do género feminino, ou do sexo feminino, isto é, são fêmeas que segundo o dicionário consultado pode definir:
1 – em biologia é um organismo que apenas produz gâmetas femininos; organismo capaz de ser fecundado.
2 – em zoologia é um animal do sexo feminino
3 – coloquialmente é um ser humano do sexo feminino; mulher, no aspecto físico e sexual
4 – em sentido técnico é uma peça com orifício, sulco ou concavidade que recebe outra saliente (macho) para seu complemento, que lhe é introduzida ou encaixada (como em certas dobradiças, colchetes, etc.)
(a propósito e pedindo desculpa por estar em francês, mas tem de ser, à pergunta “vous savez la différence entre un homme et une femme?”, a resposta é óbvia – “la différence entre!!”)
Temos portanto cerca de 4,1 mil milhões de seres que fazem parte do sexo/género feminino no nosso pequeno mundo. São muitas e, como sabemos, a maioria menstrua durante algum período da sua vida. É assim, faz parte da condição feminina destes cerca de 4,1 mil milhões de seres que habitam o planeta Terra.
Mas eis que surge, diria que urge para alguns/mas, o actual todo-poderoso politicamente correcto, e não vão sentir-se “ofendides” “todes” “quantes” que fazendo parte de uma das metades dos 8,2 mil milhões, “sentem” que fazem parte da outra metade que não a sua.
Sem problema, cada um sente-se como quer e ninguém tem nada a ver com isso!
Mas geneticamente continuam a ser fêmeas ou machos, femininas e masculinos.
E esta divisão é importante porquê? Porque quando os cientistas estudam tudo o que envolve a saúde de cada uma das metades, fazem-no sabendo que os dois grupos são geneticamente diferentes.
A “força” do politicamente correcto sente-se na maioria dos países deste mundo, e por cá também: pretendendo fazer um estudo prospectivo sobre as condições de saúde das mulheres de Portugal, a Direcção Geral da Saúde lançou um inquérito dirigido às “pessoas que menstruam”. Isto é, mulheres, achava eu!
Mas não. Lendo alguns artigos e alguns comentários, ficamos a saber que também há homens que menstruam e mulheres que não menstruam
(a partir da menopausa as mulheres deixam de menstruar e não são menos mulheres por isso. Aliás, até agradecem por deixarem de passar por “aqueles dias” em que as hormonas funcionam ao contrário e peguilham por tudo e por nada, enfim uma série de coisas que as mulheres conhecem bem e que não vêm ao caso!).
O dito inquérito é dirigido a “todas as pessoas que menstruam” não se restringindo às mulheres, o que para uns não faz sentido porque dizem que “pessoas que menstruam = mulheres” ou até que é uma forma de “rebaixar as mulheres”, enquanto outros consideram uma iniciativa normal para não excluir ninguém como “homens intersexo ou homens trans que menstruam por não terem feito a transição por completo”, como refere Patrícia Carvalho no Público.
O médico presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Gustavo Borges, disse fazer todo o sentido esta opção da DGS, uma vez que a menstruação não é exclusiva do sexo feminino: “há pessoas que têm o genótipo XX e passam por uma mudança de sexo, toma hormonas para adaptar realidade física à imagem que pretendem ter e durante esse período existe diminuição do fluxo menstrual e da quantidade de dias que se tem”, ou seja, de acordo com este médico, apesar da diminuição, os homens transgéneros continuam a ter menstruação durante algum tempo, refere a jornalista no mesmo artigo, citando o médico quando este diz que esta é uma expressão já utilizada pela OMS há alguns anos.
A ânsia do politicamente correcto faz com que haja inúmeras opiniões sobre a correcção ou incorrecção do termo utilizado pela DGS, mesmo que para isso alguns tenham pesquisado no “Dr. Google” a existência de patologias que podem levar a que haja mulheres que não menstruem em virtude da sua condição patológica, como referiu Clara Não no Expresso, onde diz que “mesmo que não se identifiquem como mulheres, existem homens trans e pessoas intersexo, por exemplo, que continuam a ter útero e órgãos genitais femininos e que, por isso, continuam a menstruar, já que a menstruação é um processo fisiológico e que não é dependente da identidade de género da pessoa”.
Chegado aqui, acho que todos têm o direito a ter as suas opiniões, as quais não discuto, apenas concordo ou discordo conforme as ideias que se vão desenvolvendo, mas confesso que comecei a ficar preocupado quando li a opinião de uma eminente cardiologista, numa publicação pessoal, onde refere ser uma evidência científica que as mulheres com fibrilação auricular têm um risco mais elevado de sofrer um Acidente Vascular Cerebral do que os homens, mas que o sexo/género feminino foi suprimido de alguns estudos cardiovasculares por forma a não se ferirem susceptibilidades de pessoas trans, não binários, etc, levando a enviesamento dos estudos em grande escala que avaliam precisamente a saúde consoante o género. A Dra. Catherine Gebhard (Chefe de Cardiologia Preventiva no Hospital Universitário de Berna, Suíça) questiona-se que em se sabendo que há cerca de 4 biliões de mulheres no mundo será assim tão difícil estudar as suas necessidades médicas!
E eu pergunto o que será mais importante perante a pressão do poderoso “politicamente correcto” tão do gosto de minorias influentes: termos estudos cientificamente correctos, mesmo que seja necessário excluir uma minoria de uma minoria de uma minoria, ou termos estudos com tudo incluído, tipo resort de férias onde cabem todos à molhada e fé em Deus, mas com um viés nos resultados para que se satisfaça o politicamente correcto?
Não tenho resposta fundamentada para a questão que acima proponho, mas pessoalmente prefiro não entrar na onda tudo incluído e politicamente correcto!
É, uma vez mais, como acontece com frequência, a ciência a ser submetida ao papão do “politicamente correcto”, e a ter de esperar pelo seu tempo de mostrar a sua razão, de poder dizer como Galileu, que sussurrou à porta da saída do “politicamente correcto” de então, a Santa Inquisição: “e no entanto move-se”!, referindo-se ao facto de ser a Terra a mover-se à volta do Sol e não o contrário, facto científico que teve de negar para não ser condenado à morte pelo tribunal da Santa Inquisição que era, como já disse, o politicamente correcto de então e que muitos teimam em querer ver renascer numa roupagem diferente mas com um substrato semelhante!