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Empreendedorismo dentro e fora das Universidades

Em maio, um relatório divulgado pelo Iberifier indicava que os jovens portugueses, entre 25 e 34 anos, são os que menos confiam nas notícias. Segundo o Eurostat, em Portugal, 37% dos jovens entre os 16 e os 29 anos verificaram a veracidade das notícias veiculadas nas redes. Na generalidade dos países da União, os valores ainda são inferiores para a população adulta. Nesse mesmo mês, um grupo de jovens universitários comprometeu-se a trabalhar temas da atualidade, relacionando-os com o Ensino Superior, a Ciência e a Tecnologia. Assim, surgiu o “Peço a Palavra”, um programa com a produção da Académica da Madeira e da TSF-Madeira, com o objetivo de servir uma comunidade de interessados em conversas simples, sobre temas complexos, e com o apoio de convidados influentes nos seus setores.

Nesta semana, analisamos a relação conjugal entre o Ensino Superior e o Empreendedorismo, o que à primeira vista é romanticamente compatível pela simples necessidade da expressão da criatividade, da inovação e da liberdade académica. Na prática, porém, não é de todo um relacionamento funcional. Não só por condicionalismos estruturais, no que toca à receptividade de projetos, quer pelos centros de investigação ou pelos investigadores, mas também pela falta de integração desta área transversal a todas as ofertas formativas. O resultado é um ambiente com uma abordagem empreendedora pouco estimulada, porém extremamente fértil.

Dentro do que deveriam ser pólos de conhecimento, de inovação e de criatividade, o modelo de ensino e de investigação adotado em muitas instituições é um claro entrave para a implementação destas faculdades empreendedoras na comunidade académica. Este sistema que persiste, considerado por muitos como obsoleto, desespera por uma reformulação, sendo o empreendedorismo uma literacia obrigatória e imprescindível que complementa a lecionação incentivando espírito crítico e irreverência.

Para os que não seguem a carreira académica, o ambiente laboral que os espera, desespera por profissionais qualificados com autonomia, convicção e criatividade, criando um perfil de competências suficientes para exercerem uma postura interventiva e produtiva. Culturalmente, estamos muito aquém desta expectativa, na qual só uma minoria alcança corresponder com o perfil descrito, dependendo sempre da sua lotaria genética e social e não de uma oportunidade prevista como é pretendido com o processo de massificação do Ensino Superior.

Com a convenção de um ensino superior benéfico para qualquer currículo e o processo de massificação adjacente em todo o país, reúne unanimidade a premissa destas instituições serem o principal promotor de mudança e de progresso de qualquer nação.