Alemanha mantém recusa de fornecer mísseis de longo alcance pedidos por Kiev
A Alemanha mantém a decisão de não fornecer mísseis de longo alcance à Ucrânia, afirmou hoje o chanceler Olaf Scholz, quando os Estados Unidos e o Reino Unido discutem a possibilidade de autorizar Kiev a usar essas armas contra a Rússia.
"A Alemanha tomou uma decisão clara sobre o que fazemos e o que não fazemos. Esta decisão não vai mudar", declarou o líder alemão numa conferência de imprensa em Berlim.
O chanceler alemão tem reafirmado constantemente a sua oposição a que o seu país, o maior contribuinte europeu de ajuda financeira e militar à Ucrânia, entregue mísseis de longo alcance Taurus de fabrico alemão a Kiev.
Há vários meses que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem vindo a pedir estas armas, que têm um alcance de mais de 500 quilómetros e podem atingir o território russo.
Uma luz verde para a utilização de mísseis ocidentais de longo alcance contra a Rússia está na agenda das conversações entre o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e Joe Biden na Casa Branca, marcadas para hoje.
Kiev espera obter dos dois dirigentes uma maior liberdade de ação para utilizar os mísseis Storm Shadow fornecidos pelo Reino Unido e os ATACMS fornecidos pelos Estados Unidos, armas com um alcance máximo de várias centenas de quilómetros que lhe permitiriam atingir os locais de logística do exército russo e os aeródromos de onde descolam os seus bombardeiros.
Questionado sobre este assunto, o porta-voz de Olaf Scholz, Steffen Hebestreit, afirmou: "As armas que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha estão atualmente a discutir são armas que não fornecemos (...) e, a este respeito, não há qualquer alteração".
Olaf Scholz é "muito firme" nesta questão, acrescentou.
Desde o início da invasão russa na Ucrânia, o chefe do Governo alemão tem-se alinhado repetidamente com as decisões de Washington sobre o fornecimento de armas à Ucrânia, coordenando-se estreitamente com o Presidente norte-americano, Joe Biden.
Mas o chanceler tem de manter um equilíbrio delicado entre o seu compromisso de ajudar a Ucrânia "durante o tempo que for necessário" e os receios da opinião pública com uma possível escalada.
Nascido de uma longa tradição de pacifismo, o partido social-democrata do chanceler está em queda livre nas sondagens, tendo sido derrotado em duas recentes eleições regionais pelo partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que se opõe ao apoio militar à Ucrânia.