Mais de 235 mil deslocados devido a cheias causadas por tufão Yagi em Myanmar
As inundações causadas em Myanmar pelo tufão Yagi obrigaram mais de 235.000 pessoas a abandonar as suas casas, anunciou hoje a junta militar no poder no país.
No total, "236.649 pessoas (...) foram deslocadas devido a inundações provocadas pelo tufão. Houve 33 mortos e um ferido no país", declarou o porta-voz da junta militar, Zaw Min Tun, revendo em baixa o anterior balanço das autoridades, que apontava para pelo menos 36 vítimas mortais.
O porta-voz do Governo de Rangum acrescentou também que as comunicações com algumas zonas se encontram cortadas, desconhecendo-se, por isso, a situação em que se encontram.
O norte do Vietname, o Laos, a Tailândia e Myanmar sofreram inundações e deslizamentos de terras na sequência da passagem do Yagi, que causou um dilúvio de chuva quando atingiu a região, no fim de semana passado.
Em Myanmar, esta situação veio agravar mais ainda a miséria no país mergulhado numa crise humanitária, de segurança e política desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021 contra o Governo eleito de Aung San Suu Kyi.
As autoridades estão também a investigar relatos não-confirmados de que dezenas de trabalhadores migrantes estão desaparecidos após deslizamentos de terra numa área de mineração de ouro na região central de Mandalay, indicou ainda o porta-voz da junta.
Um habitante de Sin Thay, próximo da capital, Naypyidaw, disse à agência de notícias francesa AFP que tinha passado a noite numa árvore com os seus dois filhos pequenos, para se proteger da subida das águas.
"Não tivemos tempo de fugir", acrescentou.
Alguns aldeões utilizaram barcos que arrastaram atrás de si para transportar alguns dos seus pertences.
Soldados resgataram aldeões residentes no meio de uma rede de rios e riachos que rodeiam esta capital de baixa altitude.
Alguns viram-se obrigados a atravessar as águas lamacentas, enquanto as casas e as plantações de banana e cana-de-açúcar que os rodeavam ficavam submersas.
"É a primeira vez que vivo inundações como estas (...) Não tivemos tempo para nos prepararmos, é uma experiência muito assustadora", comentou um homem, perto da aldeia.
Os meios de comunicação oficiais noticiaram que as inundações na capital e arredores tinham causado deslizamentos de terras e destruído instalações elétricas, edifícios, estradas, pontes e casas.
Na região de Mandalay, os aldeões utilizaram um elefante para chegar a terras não afetadas pelas inundações.
No Vietname, o mais recente balanço indica que se registaram quase 300 mortes, havendo muitas pessoas ainda desaparecidas, pelo que o saldo das inundações no país poderá ainda agravar-se.
Na capital, Hanói, habitantes munidos de pás, escovas e mangueiras limpavam os detritos e a lama, após o recuo das águas que submergiram algumas partes da cidade, onde o sol surgiu pela primeira vez em dias.
O rio Vermelho, que atravessa Hanói, atingiu esta semana o nível mais elevado dos últimos 20 anos, enquanto a chuva do tufão Yagi se dirigia para o mar.
"É a maior inundação que alguma vez vi, a água subiu mais de um metro", disse Nguyen Lan Huong, um residente de 40 anos.
No total, 130.000 pessoas foram retiradas de suas casas no norte do Vietname desde que o Yagi atingiu o país, no sábado.
Muitas ainda não puderam regressar a casa, e mais de 135.000 casas ficaram danificadas, segundo as autoridades.
O incidente mais mortífero ocorreu quando um deslizamento de terras destruiu uma aldeia, na província montanhosa de Lao Cai, matando 48 pessoas.
Mas, numa rara boa notícia, oito pessoas dadas como desaparecidas num deslizamento de terras encontram-se sãs e salvas.
O norte da Tailândia também foi duramente afetado, com um distrito na fronteira com Myanmar a registar as piores inundações dos últimos 80 anos.
Na sexta-feira, as autoridades tailandesas indicaram que um deslizamento de terras na província de Chiang Rai tinha matado 10 pessoas no reino.