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Líder da oposição apela a continuação "até ao fim" da luta pela liberdade

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A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, apelou hoje à continuação "até ao fim" da luta pela liberdade, para que o país volte a "viver sem medo".

"Depois de tanta dor, se continuamos a lutar até ao fim, voltaremos a ser a Venezuela", afirma Machado numa mensagem vídeo aos venezuelanos no país e emigrados, divulgada nas redes sociais.

"Custou-nos muito chegar até aqui. Foi o sacrifício de milhões de venezuelanos que lutámos dentro do país, dos que tiveram de partir, para que o futuro seja melhor (...) vocês sabem que todo este esforço valeu a pena, para vos deixar um país livre, do qual se podem orgulhar e onde podem voltar a sonhar", afirma.

"Venezuelanos do futuro (...) dentro de alguns anos será normal para vocês poder viver na vossa própria terra, com a vossa família, sem medo, que respeitem os vossos direitos e dizerem o que pensam com toda a liberdade", conclui.

No sábado, o candidato presidencial da oposição, Edmundo González Urrutia, que reclama vitória nas presidenciais de 28 de julho, deixou a Venezuela para se exilar em Espanha.

Antigo embaixador da Venezuela na Argentina e na Argélia, González Urrutia, de 75 anos, aceitou ser candidato nas presidenciais de 28 de julho em substituição de Machado, desqualificada pelas autoridades e impossibilitada de exercer cargos públicos durante 15 anos.

Em 03 de setembro, um tribunal venezuelano especializado em crimes relacionados com terrorismo emitiu um mandado de prisão para González Urrutia.

O ex-candidato é acusado pelo Estado de ter alegadamente cometido os crimes de "usurpação de funções", "falsificação de documentos públicos", "instigação à desobediência das leis", "conspiração", "sabotagem, danos no sistema e associação [para cometer crimes]".

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao atual Presidente do país, Nicólas Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.

Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

O regime de Caracas diz estar em curso um golpe de Estado, mantendo nas ruas milhares de polícias e militares para controlar os manifestantes, e pediu à população que, de maneira anónima e através da aplicação VenAPP, denuncie quem promove os protestos.